Professores da rede estadual de São Paulo anunciaram greve a partir desta sexta-feira (25) em protesto contra a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos). As principais reivindicações são a contratação de mais professores efetivos, aumento do piso salarial da categoria e a implementação de um plano de climatização nas escolas.
A paralisação foi decidida em assembleia da Apeoesp (o principal sindicato da categoria) realizada em 21 de março. Desde então, o sindicato alegou não ter avançado nas negociações com o secretário estadual da Educação, Renato Feder.
Em resposta, a Secretaria de Educação afirmou que mantém um diálogo constante com os professores e que já teria atendido algumas das suas demandas. A pasta também anunciou que obteve uma liminar do Tribunal de Justiça, que exige que ao menos 70% dos professores permaneçam nas salas de aula na sexta-feira (25), sob risco de multa diária de R$ 20 mil.
Para o governo estadual, a greve comprometeria um serviço essencial, o que é ilegal segundo a legislação. A administração ainda aponta que a paralisação prejudicaria milhões de alunos, incluindo os em situação de vulnerabilidade, que ficariam sem acesso à merenda escolar, além de causar dificuldades para os pais, que dependem da escola para o cuidado de seus filhos enquanto trabalham.
Além da paralisação, os professores realizarão uma nova assembleia em frente ao Masp, na região central de São Paulo, para decidir os próximos passos da greve. Uma audiência de conciliação entre as partes está marcada para o dia 5 de maio.
Dentre as demandas, destaca-se a contratação de mais professores efetivos, uma questão que motivou ações civis públicas do Ministério Público contra o governo de Tarcísio. Essas ações apontam que o governo tem substituído concursos públicos por contratações temporárias, o que, segundo o MP, prejudica o funcionamento das escolas e compromete a qualidade do ensino.
Apesar do alto número de professores temporários, o secretário Renato Feder afirmou que, embora não haja uma data definida, um novo concurso está em andamento. No concurso anterior, foram previstas 15 mil vagas, mas apenas cerca de 12 mil foram preenchidas após a terceira chamada.
A categoria também exige que o governo estadual cumpra integralmente o Piso Nacional Salarial dos Professores. Atualmente, os docentes recebem uma bonificação para atingir o valor do piso, mas esse valor não é incorporado ao cálculo de férias, aposentadoria e outros benefícios.
Outra preocupação é a climatização das escolas. Dados do Censo Escolar de 2023 mostram que apenas 2,7% das salas de aula na rede estadual eram climatizadas, o menor percentual do país. A Secretaria de Educação, por sua vez, informa que atualmente 17% das escolas estaduais estão climatizadas.
O secretário Renato Feder reconheceu a validade das reivindicações sobre climatização e o piso salarial, mas reiterou que o governo continuará a pagar o Piso Nacional por meio do abono, e destacou que parte dos professores que aderiram ao programa Nova Carreira já recebe acima do piso, com salários que chegam a R$ 6.750 para professores de tempo parcial e R$ 9.500 para os de tempo integral.