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Divaldo Franco, referência do espiritismo no Brasil, morre aos 97 anos

Por Brasil Direto

Faleceu nesta terça-feira (13), aos 98 anos, Divaldo Franco, um dos maiores nomes do espiritismo brasileiro e fundador da Mansão do Caminho, centro filantrópico com atuação marcante na Bahia. Considerado por muitos o sucessor espiritual de Chico Xavier, Divaldo foi responsável por décadas de trabalho assistencial e de divulgação da doutrina espírita dentro e fora do país.

A causa da morte não foi divulgada, embora se saiba que o médium enfrentava problemas de saúde nos últimos anos, entre eles um câncer na bexiga diagnosticado em novembro de 2024.

Natural de Feira de Santana, no interior da Bahia, Divaldo Pereira Franco nasceu em 1927 e foi o mais novo de 12 irmãos. Embora tenha se formado como professor primário em 1943, não exerceu a profissão. Aos 18 anos, transferiu-se para Salvador, onde atuou como servidor público até sua aposentadoria em 1980.

Criado em uma família católica, relatava desde a infância experiências mediúnicas. Na juventude, passou a desenvolver a psicografia — prática em que, segundo o espiritismo, o médium escreve mensagens ditadas por espíritos. Sua atuação religiosa começou em 1947, com a criação do Centro Espírita Caminho da Redenção, em parceria com Nilson de Souza Pereira.

Poucos anos depois, em 1952, nasceu a Mansão do Caminho, braço social da instituição espírita, voltado ao acolhimento e à formação de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. A entidade, sediada em Salvador, viria a se tornar uma das maiores iniciativas filantrópicas do país, com creche, escolas, serviços médicos e programas de assistência a famílias carentes.

Divaldo também se notabilizou como autor espiritual. Ao longo da vida, afirmou ter psicografado mais de 200 livros, muitos deles ditados por sua guia espiritual Joanna de Ângelis, entidade que ele dizia ter vivido encarnações marcantes na história religiosa. Suas obras venderam mais de sete milhões de exemplares e foram traduzidas para diversos idiomas. Uma de suas coleções mais conhecidas é a Série Psicológica, que articula conceitos do espiritismo com teorias da psicologia.

Além da produção literária, Divaldo realizou conferências em milhares de cidades brasileiras e em mais de 60 países, consolidando-se como um dos principais difusores do espiritismo no mundo.

O trabalho na Mansão do Caminho incluiu também a adoção informal de cerca de 600 crianças, que passaram pela instituição ao longo das décadas. Atualmente, a entidade atende diariamente cerca de 2 mil crianças e adolescentes e mantém, entre outras estruturas, uma clínica de partos humanizados e um centro de saúde com atendimento em várias especialidades médicas.

Em 2023, Divaldo causou polêmica ao criticar publicamente a prisão de participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília, o que gerou reações dentro do próprio movimento espírita.

Sua trajetória foi retratada no cinema em 2019, com o filme Divaldo – O Mensageiro da Paz, dirigido por Clovis Mello.

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