Pela primeira vez, mulheres brasileiras puderam se alistar voluntariamente para o serviço militar, alcançando um total de 33.721 inscrições neste ano inaugural. O levantamento, divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Defesa, mostra que o estado do Rio de Janeiro lidera em participação feminina, com 8.102 candidatas — aproximadamente 25% do total nacional.
Essa iniciativa marca uma mudança significativa: antes, mulheres só ingressavam nas Forças Armadas por meio de concursos específicos para oficiais e suboficiais. Agora, jovens que completam 18 anos em 2025 já podem registrar formalmente o interesse em servir, embora o alistamento continue sendo obrigatório apenas para os homens.
Enquanto o público feminino registrou mais de 33 mil inscrições, o número de alistamentos masculinos ultrapassou a marca de um milhão. A maior concentração de inscritos homens está no estado de São Paulo, que somou 271.589 registros na 2ª Região Militar.
Apenas na primeira semana de janeiro, mais de 15 mil jovens mulheres já haviam se alistado, mesmo com a oferta de apenas 1.465 vagas distribuídas entre Brasília e outras 28 cidades de 13 estados. Esse número superou em dez vezes a quantidade de vagas disponíveis para o sexo feminino.
As etapas seguintes ao alistamento incluem processo seletivo, avaliação complementar, designação e, por fim, incorporação. As candidatas selecionadas ingressarão nas Forças Armadas no primeiro ou segundo semestre de 2026, dependendo da convocação — entre os dias 2 e 6 de março ou de 3 a 7 de agosto.
Neste ciclo, foram disponibilizadas 1.010 vagas no Exército, 300 na Aeronáutica e 155 na Marinha. As candidatas poderão indicar sua preferência de força, sendo essa escolha analisada conforme perfil e localidade.
Para serem incluídas, as interessadas precisam ter nascido em 2007, residir em um dos municípios contemplados, apresentar certidão de nascimento (ou prova de naturalização), além de documentação com foto e comprovante de residência.
O Ministério da Defesa reforçou que apenas unidades com estrutura apropriada receberão as novas recrutas. Quartéis deverão estar adaptados com dormitórios, banheiros e normas internas adequadas. Está previsto um investimento de R$ 2 milhões em melhorias como identificação facial, câmeras de segurança e ações para prevenção de abusos e assédio sexual.
Além disso, materiais como mochilas e coletes serão adequados às medidas corporais das mulheres. Esse padrão já vem sendo adotado por unidades como o Ciampa (Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves), localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A capitã de mar e guerra Eliane Rocha destacou os avanços em prevenção de violências dentro das unidades militares:
— Realizamos palestras educativas, fortalecemos os canais de ouvidoria para denúncias e ampliamos espaços de escuta com profissionais de psicologia e serviço social — afirmou.
Cidades com Vagas em 2025:
Águas Lindas de Goiás (GO)
Belém (PA)
Belo Horizonte (MG)
Brasília (DF)
Campo Grande (MS)
Canoas (RS)
Cidade Ocidental (GO)
Corumbá (MS)
Curitiba (PR)
Florianópolis (SC)
Formosa (GO)
Fortaleza (CE)
Guaratinguetá (SP)
Juiz de Fora (MG)
Ladário (MS)
Lagoa Santa (MG)
Luziânia (GO)
Manaus (AM)
Novo Gama (GO)
Pirassununga (SP)
Planaltina (GO)
Porto Alegre (RS)
Recife (PE)
Rio de Janeiro (RJ)
Salvador (BA)
Santa Maria (RS)
Santo Antônio do Descoberto (GO)
São Paulo (SP)
Valparaíso de Goiás (GO)