Ex-deputado George Santos é preso após escândalo de falsificações e golpes

George Santos, de origem brasileira, apresentou-se nesta sexta-feira em uma unidade prisional localizada em Nova Jersey

O ex-congressista norte-americano George Santos, de origem brasileira, apresentou-se nesta sexta-feira em uma unidade prisional localizada em Nova Jersey para começar a cumprir uma sentença de sete anos de detenção. O político, que teve o mandato cassado, admitiu culpa em acusações de fraude eletrônica e uso indevido de identidade.

Santos está agora sob custódia na Instituição Correcional Federal de Fairton, conforme informou o Departamento Federal de Prisões dos Estados Unidos. As autoridades ressaltaram que ele confessou envolvimento em diversas irregularidades, incluindo lavagem de dinheiro, declarações falsas ao Congresso e obtenção indevida de benefícios de desemprego.

A condenação foi determinada em abril deste ano. Seus advogados tentaram reduzir a pena solicitando 24 meses de prisão, o que corresponderia ao mínimo exigido pela legislação federal para crimes de roubo de identidade qualificado. Em sua defesa, alegaram que as ações do ex-parlamentar foram motivadas por “um desespero equivocado vinculado à campanha eleitoral” e não por má-fé intencional.

Os promotores do Distrito Leste de Nova York traçaram um perfil severo do ex-deputado, descrevendo-o como alguém que reincidiu em práticas criminosas e se mostrou cada vez mais ousado ao longo do tempo. Eles argumentaram que, mesmo tendo demonstrado arrependimento em tribunal, suas manifestações nas redes sociais — em que atacava o Departamento de Justiça e se colocava como vítima — contradiziam qualquer sinal real de remorso. Em documento oficial, escreveram que as atitudes de Santos demonstram a necessidade de uma punição rigorosa.

Durante o período em que permaneceu em evidência, Santos passou de revelação política a figura ridicularizada, tornando-se um exemplo das falhas no sistema político norte-americano. Para tentar cobrir despesas legais e ressarcir vítimas, recorreu à venda de vídeos personalizados por meio de uma plataforma digital, além de lançar um podcast com nome irônico, que fazia referência às diversas mentiras que contou ao longo de sua carreira, como um suposto passado no voleibol universitário.

Seus colegas de partido, inclusive, encabeçaram a proposta de sua expulsão da Câmara após a publicação de um relatório do Comitê de Ética, que detalhou o uso indevido de doações de campanha para a aquisição de produtos de luxo, além de tratamentos estéticos como botox. A iniciativa para removê-lo foi aprovada por ampla maioria, contando com mais de cem votos favoráveis entre os próprios republicanos, o que resultou em sua expulsão em dezembro do ano passado. Ele se tornou, assim, o sexto parlamentar a ser oficialmente afastado da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

Apesar da pressão, Santos continuou demonstrando confiança em público e manteve fidelidade ao ex-presidente Donald Trump, possivelmente na esperança de obter algum tipo de perdão presidencial. No entanto, até o momento, Trump não indicou disposição para interceder a seu favor. Em entrevista, Santos declarou que o presidente “está ciente do caso” e que, embora não tenha solicitado indulto, caberia a ele decidir se haveria clemência.

Ao longo de sua trajetória política, Santos construiu uma imagem pública sustentada por diversas falsificações. Ele afirmava ter ascendência judaica ligada a sobreviventes do Holocausto, além de ter mentido sobre sua formação acadêmica, carreira profissional e situação financeira. Uma investigação conduzida pelo The New York Times revelou inconsistências significativas no relato de sua vida, o que impulsionou o aprofundamento das denúncias.

O Ministério Público norte-americano detalhou que ele chegou a transferir valores de doações para sua conta pessoal, utilizou cartões de crédito de apoiadores sem autorização e acessou benefícios públicos de forma indevida durante a pandemia da Covid-19.

A Comissão de Ética do Congresso concluiu que Santos “comprometeu seriamente a integridade da instituição legislativa”. Mesmo diante das inúmeras evidências e do escândalo público, o ex-deputado manteve uma postura desafiadora e tentou capitalizar a atenção recebida. Sua história, marcada por fraudes, contradições e queda abrupta, se tornou emblemática no cenário político dos Estados Unidos.