O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) solicitou ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a autorização para exercer seu mandato remotamente a partir dos Estados Unidos. No ofício enviado, ele destacou que tem atuado em atividades de diplomacia parlamentar no país e mencionou a pandemia de covid-19 como precedente para o exercício remoto de funções legislativas em momentos de crise.
Eduardo argumentou que, assim como foi permitido o trabalho remoto durante a emergência sanitária, seria necessário assegurar a mesma flexibilidade diante de uma crise institucional mais complexa.
O parlamentar está nos Estados Unidos desde o início de 2025. Em março, ele solicitou licença da Câmara e comunicou que permaneceria no país para tratar de questões relacionadas a sanções contra autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes e aliados do magistrado, alegando violação de direitos humanos.
Neste mês, tanto Eduardo quanto seu pai, Jair Bolsonaro, foram indiciados pela Polícia Federal por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo. A investigação aponta que o filho do ex-presidente teria incentivado sanções externas ao Brasil com o objetivo de pressionar o andamento do processo em que seu pai é réu por tentativa de golpe de Estado.
Na quarta-feira (27), Eduardo participou de forma remota de uma subcomissão da Câmara, sem ter recebido convite formal. Em contrapartida, em 7 de agosto, Hugo Motta rejeitou publicamente a possibilidade de mandato à distância, destacando que não existe previsão regimental para esse tipo de exercício legislativo.
Quatro dias depois, em entrevista à revista Veja, Motta reforçou que não concorda com parlamentares que buscam impor sanções ao próprio país. Segundo ele, cada deputado tem autonomia para representar seu eleitorado, mas não é aceitável que ações tomadas fora do Brasil prejudiquem a economia ou o interesse nacional.
O processo de cassação de Eduardo Bolsonaro foi enviado ao Conselho de Ética pela presidência da Câmara em 15 de agosto. O pedido ocorreu após ameaças reiteradas de Eduardo ao presidente da Casa, indicando que Motta poderia sofrer consequências de sanções caso não pautasse um projeto de lei de anistia para os réus dos atos de 8 de janeiro.