Bandeira da inclusão: Raça Rubro-Negra lança núcleo para torcedores autistas no Maracanã

O projeto tem como embaixador Pedro Prota, jovem de 16 anos que acompanha o time desde a infância

Em meio às bandeiras que enchem o Maracanã de cores, uma se destaca pelo significado especial. Com fundo branco, ela exibe um punho erguido surgindo de um quebra-cabeça colorido e a inscrição “Raça Autistas”. A iniciativa é fruto da Raça Rubro-Negra, principal organizada do Flamengo, que criou um núcleo voltado a torcedores com transtorno do espectro autista (TEA).

O projeto tem como embaixador Pedro Prota, jovem de 16 anos que acompanha o time desde a infância. Ao lado do pai, Klinger Prota, ele começou a frequentar o estádio aos poucos, enfrentando desafios como o barulho e a aglomeração, até se firmar na arquibancada Norte em 2019. Klinger contou que a família chegou a fundar a “FlaAutistas”, chamando a atenção da diretoria da torcida.

Segundo Kiti Abreu, responsável pela área de inclusão social da Raça, a história de Pedro fez com que outros pais e mães atípicos se identificassem, fortalecendo ainda mais a proposta. Para ela, o núcleo nasceu para representar todos os autistas apaixonados pelo Flamengo e ampliar a luta por causas inclusivas.

Pedro, que também mantém uma página no Instagram com milhares de seguidores, já havia revelado em postagens que sonhava em ver sua bandeira tremulando na arquibancada. Ele disse que o símbolo representa inclusão, respeito e amor, e não pertence apenas a ele, mas a toda a comunidade autista. O pai reforçou que a iniciativa é uma forma de reconhecimento e acolhimento que marcou a vida do filho.

Além disso, o Maracanã está em processo de adaptação para receber duas salas sensoriais voltadas a pessoas com TEA, conforme previsto pela lei municipal nº 7.973/2023. Os espaços, localizados no quinto pavimento do Setor Oeste, devem ser inaugurados até o fim do mês.

A discussão sobre inclusão ganhou ainda mais destaque recentemente após o goleiro Cássio, do Cruzeiro, relatar nas redes sociais as dificuldades em matricular a filha autista de sete anos em escolas de Belo Horizonte. O jogador afirmou que muitas instituições negaram a vaga e desabafou que a inclusão, muitas vezes, fica restrita a discursos e propagandas, sem se refletir na prática.