China pode proibir maçanetas retráteis em carros novos a partir de 2027

Uma possível proibição das maçanetas totalmente retráteis dos carros está sendo cogitada na China. De acordo com as autoridades regulatórias do país, estes sistemas implicam em possíveis riscos à segurança e deficiências funcionais.

Caso a medida seja implementada, grande parte da indústria automotiva chinesa teria um problema, visto que a maioria dos carros elétricos e híbridos plug-in do país adotaram o recurso.

Segundo fontes do setor, um projeto de normas está em fase final e deve ser concluído ainda neste mês. A proposta inclui restrições às maçanetas totalmente retráteis e algumas discussões sugerem que os modelos que adotarem o sistema também tenham mecanismos de destravamento automático para condições não padronizadas, como cenários de acidente.

BYD SEALION 05 EV (4)
Divulgação/BYD

O esboço das novas regras contempla o período de um ano para que as montadoras passem pela transição. Eles preveem que a medida será implementada até julho de 2027. Portanto, depois desta data os veículos novos vendidos na China não terão mais maçanetas retráteis como a de hoje.

Embora tenham chamado atenção pelo estilo moderno e pela promessa de aerodinâmica aprimorada, as maçanetas retráteis mostraram limitações práticas. Cálculos de engenheiros indicam que a redução de coeficiente de arrasto é mínima, gerando uma economia de energia insignificante, de cerca de 0,6 kWh a cada 100 km.

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Chery Tiggo 9
Chery Tiggo 9Divulgação/Chery

O peso desse tipo de maçaneta fica entre sete a oito quilogramas, já que tem motores e estruturas, e acabam anulando qualquer ganho aerodinâmico. Em situações extremas, como colisões, enchentes ou frio intenso, esses sistemas podem falhar completamente, fazendo com que a peça seja um problema e não um benefício.

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Outro fator a ser considerado é o financeiro, pois esse tipo de dispositivo seria supostamente três vezes mais caro que os modelos mecânicos e têm uma taxa de falha oito vezes maior. Uma fabricante chinesa relatou que 12% dos reparos de veículos novos estão relacionados a problemas nas maçanetas, muitas vezes exigindo substituição completa do conjunto.

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GAC Aion Y
Fernando Pires/Quatro Rodas

Falhas comprovadas em testes e acidentes

Segundo dados da C-IASI (Índice de Segurança Automotiva de Seguros da China) quando os veículos que possuem maçanetas eletrônicas foram submetidos a um teste e colisão lateral, eles obtiveram apenas 67% de êxito na abertura das portas, em contrapartida, taxa de sucesso das das maçanetas mecânicas chega a 98%.

Em 2024, a cidade de Guangdong, sofreu com um temporada de fortes chuvas, que apenas evidenciou ainda mais os problemas dessas maçanetas, pois muitas delas acabaram sofrendo curtos-circuitos que impediram a abertura das portas, forçando os passageiros a quebrar janelas para escapar.

GS4
Fernando Pires/Quatro Rodas
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Isso se relaciona a dados da NAIS (Sistema Nacional de Investigação Aprofundada de Acidentes), que apontam um aumento de 47% nos acidentes causados ​​por falhas nas maçanetas das portas em 2024, com maçanetas escondidas sendo responsáveis ​​por impressionantes 82% desses incidentes.

Alternativas e ajustes para garantir segurança

Algumas montadoras começaram a buscar alternativas, a Audi, por exemplo, em modelos como A5L e Q6L e-tron, incorporou sistemas de emergência que liberam uma alça mecânica quando necessário.

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O debate sobre segurança se ampliou para outras tendências de design automotivo. O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) da China revisa normas que envolvem substituição de botões físicos por telas sensíveis ao toque, espelhos digitais e tetos panorâmicos.

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Audi Q6 e-tron
Audi Q6 e-tronDivulgação/Audi

A Euro NCAP (Programa Europeu de Avaliação de Carros Novos), já havia anunciado que, a partir de 2026, veículos que concentrem funções críticas como piscas, luzes de emergência, buzinas, limpadores de para-brisa e chamadas de emergência apenas em telas não receberão classificação máxima de segurança.

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