Versões aventureiras costumam seguir uma receita de bolo para reforçar a vocação fora de estrada, basta adicionar para-choques, grade e arcos de roda com detalhes em plástico preto e tornar o interior mais exclusivo com bancos com costuras aparentes ostentando o logo da versão que já temos uma boa base.
Essa receita foi a seguida à risca pela Citroën ao lançar o C3 XTR, uma opção com proposta aventureira que além de detalhes estéticos conta com pneus de uso misto Pirelli Scorpion ATR R15, que permitem desbravar terrenos ‘proibidos’ até então para um C3 convencional, como estradas de cascalho, terra batida ou arenosas.
A versão XTR recebe grade frontal e capas dos retrovisores em preto brilhante, grade em preto com duplo chevron aplicado em prateado, adesivo “XTR” no capô, protetores laterais de porta e um adesivo na coluna C com detalhes em verde. O emblema XTR na traseira também tem o aplique em verde.
A marca posicionou o Citroën C3 XTR como a versão topo de linha das versões aspiradas, com o 1.0 Firefly de 75 cv e 10,7 kgfm combinado com câmbio manual de cinco marchas. E na nossa experiência ao volante, mesmo curta, mas com diversidade de pavimentos (terra batida, asfalto irregular e liso), pudemos comprovar que a escolha desse conjunto mecânico pode não ter sido a mais acertada.
Na ocasião da revelação do nome XTR apostamos que a nova versão não só seria mais completa em equipamentos, mas também teria ares de versão topo de linha com direito ao mesmo conjunto da atual opção mais cara, a You, que é equipada com motor 1.0 turbo T200 de 130 cv e 20,4 kgfm, sempre acompanhado do câmbio CVT. E foi exatamente essa versão que ganhou o título de 1.0 mais rápido do Brasil.
E não dá pra dizer que rapidez é o forte dessa versão aventureira que tem um conjunto que na nossa pista cravou o 0 a 100 km/h em 17,2 segundos, enquanto a versão You fez em 9,1 segundos. Essa morosidade do motor aspirado não incomodou muito na nossa experiência na estrada de terra e nem no asfalto irregular, condições que as velocidades são naturalmente mais baixas e é elogiável o comportamento silencioso do motor, que nem chega a invadir a cabine.
Porém na estrada falta fôlego nas ultrapassagens mesmo sendo um carro leve e o motor turbo resolveria essa questão. O comportamento dinâmico é positivo e a carroceria se mantém estável sem solavancos desnecessários.
O vão livre do solo de 18 cm, um dos maiores do segmento, combinado com os pneus de uso misto tornam o C3 adequado para o fora de estrada. A proposta de baixo custo do hatch não permitiria a adoção de amortecedores exclusivos para off-road com acerto mais firme, mas ficaria bem mais interessante.
O câmbio traz engates precisos, mas as marchas alongadas acabam por atrapalhar qualquer direção mais divertida e ágil proporcionada por câmbios manuais com relação de marcha mais curtas.
O interior com acabamento melhorado completa a boa impressão com o C3 XTR. A cabine é escurecida e há costuras aparentes na manopla do câmbio, volante, bancos e painel na cor verde, além do emblema que faz alusão à versão estampado nos assentos dianteiros.
E há ainda revestimento macio no painel e na região do apoio de braço das portas dianteiras. Uma mudança de percepção grande, o tornando superior nesse quesito acabamento em relação ao VW Polo.
A central multimídia de 10,25 polegadas passa a ser mais fina quando vista de lado, mas continua com grafismos antiquados e com uma moldura interna que reduz o tamanho da tela principal.
Há, ainda, entradas usb-c para os passageiros traseiros que não foram beneficiados pelos comandos dos vidros traseiros nas portas, mas o motorista já pode controlar os mesmos Há ainda pedaleiras esportivas, além do ar-condicionado automático digital.
A versão XTR custa R$ 88.990 e é um preço atrativo pois o principal rival, o VW Polo Track (também com motor aspirado e câmbio manual) parte de R$ 93.660. E a versão aventureira do C3 tem acabamento aprimorado, melhor espaço interno e pode encarar o fora de estrada com tranquilidade.