A GWM vem obtendo bastante sucesso com seus SUVs híbridos, até mesmo com o Tank 300, que combina a capacidade off-road com a motorização híbrida plug-in e teve 1.885 unidades emplacadas em quatro meses. Com o lançamento do Haval H9, a marca chinesa buscará um público mais tradicional, que não abre mão do motor diesel.
Assim como a picape Poer P30, o GWM Haval H9 tem tamanho e muito conteúdo, e cobra relativamente pouco em sua única configuração disponível, chamada Exclusive. Custa R$ 309.000 até 20 de setembro e depois passará a custar R$ 319.000. Ainda é bastante dinheiro, mas o que existe de SUV a diesel nesta faixa de preço é o Jeep Commander Overland com o 2.2 de 200 cv por R$ 308.490, mas que é monobloco.
O mundo dos SUVs diesel com chassi de longarinas e com sete lugares, como o Haval H9, tem preço bem mais alto. O Mitsubishi Pajero Sport HPE custa R$ 355.990, o Chevrolet Trailblazer custa R$ 411.690 e o Toyota SW4, que é o mais vendido deles todos, custa R$ 419.090 na versão SRX Platinum de sete lugares. Ou seja, a referência custa R$ 100.000 mais caro e foi no Toyota que a GWM se espelhou para também oferecer 10 anos de garantia no seu SUV.
Mesmo para este segmento, o GWM Haval H9 é bem grande. São 4,95 m de comprimento, 1,98 m de largura. 1,93 m de altura e entre-eixos de 2,85 m. Na comparação com o SW4, é 16 cm mais comprido, 13 cm mais largo, 8 cm mais alto e tem entre-eixos 10 cm mais longo. O porta-malas ainda tem 791 litros (em padrão absoluto e não VDA, que é o mais comum) quando com cinco lugares e 88 l com a terceira fila armada.
Assim como a picape Poer, o Haval H9 usa o motor 2.4 turbodiesel que consegue render 184 cv e 48,9 kgfm a 1.500 rpm graças ao seu turbo de geometria variável e está sempre ligado ao câmbio automático de nove marchas. O detalhe: pesa 2.525 kg, quase 300 kg a mais que o rival da Toyota, o que explica um 0 a 100 km/h em 13 s.
Onde o Haval H9 pode se destacar é no off-road. Isso porque, além do bloqueio do diferencial traseiro, também tem blocante no eixo dianteiro e sete modos de condução para explorar melhor sua capacidade e seus sistemas, inclusive a caixa reduzida.
O que também distingue o SUV chinês é a função “Tank Turn”, que utiliza os freios para reduzir o raio de giro em até 1,5 m, facilitando manobras em locais apertados – preferencialmente com baixa aderência. E o sistema de visão de 540° inclui função que mostra o que está sob o veículo, para guiar o motorista em trilhas.
A GWM já iniciou a montagem do Haval H9 em Iracemápolis (SP), mas trouxe um lote de carros ainda fabricados na China para poder acelerar o lançamento. Não haverá diferenças nem em conteúdo e nem em preço nos carros montados no Brasil.
A quem utiliza estes SUVs para aquilo que foram feitos, é importante saber que o Haval H9 tem ângulo de ataque de 31°, ângulo de saída de 25° e 22,4 cm de altura livre do solo. A GWM também declara uma capacidade de imersão de até 80 cm e a habilidade de vencer rampas de até 57%.
Equipamentos de carros de luxo
Por dentro, algo da brutalidade do design quadradão permanece. Você pode reconhecer o quadro de instrumentos de 10,25″ e a central de 14,6″ (com Apple CarPlay e Android Auto sem fio), porque também estão na Poer, mas todo o resto é diferente. Tão diferente que, ao contrário da picape, o H9 não tem revestimento macio na parte superior das portas dianteiras e mesmo no painel esse cuidado é mais discreto.
De tão largo, o console não é discreto. Ali está a base de carregamento sem fio para smartphone com 50W, o acionamento do freio de estacionamento eletrônico e botões para todos os bloqueios de diferencial, assistentes off-road e o seletor para os modos de tração, além de um compartimento refrigerado.
Os bancos, porém, parecem ter saído de outro carro. São grandes, tem suporte melhor que o da picape, além de serem aquecidos e ventilados, tanto na dianteira quanto na traseira. Os dianteiros têm ajuste elétrico e podem aplicar sessões de massagens de oito tipos diferentes. Se você acha que o Haval H9 extrapolou o que é esperado de um SUV como este, saiba que ainda tem para-brisas e vidros laterais dianteiros duplos, um reforço que melhora o isolamento acústico.
O pacote de equipamentos ainda inclui ainda teto solar panorâmico, faróis matriciais Full LED, rodas de 19 polegadas, estribos laterais retráteis eletricamente, sistema de som premium com 10 alto-falantes e subwoofer, e ar-condicionado de três zonas, com saídas no teto para a segunda e a terceira fila.
Em termos de segurança, o H9 tem seis airbags, mas os de cortina também cobrem a terceira fila de assentos. O pacote de assistência ao condutor é ADAS 2+, com piloto automático adaptativo (ACC) com Stop & Go, assistente de permanência em faixa e frenagem autônoma de emergência, mas também lê placas e permite que os limites do ACC sejam modificados assim.
Se o motorista viaja confortável, os passageiros também não podem reclamar. A segunda fileira tem assentos longos e que correm em trilhos para negociar o espaço com quem viaja na terceira fila. Mesmo chegando para a frente ao máximo, o espaço é equivalente ao de um sedã médio para as pernas, mas ainda maior para os ombros. Nessa situação ainda sobra espaço para as pernas de quem estiver no fundão, onde dois adultos conseguem viajar com algum conforto. Dá até para encaixar os pés sob os bancos da segunda fila, coisa rara nestes SUVs.
O Haval H9 impressiona mais pelo seu aspecto brutalista do que pelo desempenho. No entanto, na comparação com a Poer o SUV responde melhor à pressão no acelerador e é muito, muito mais confortável. As suspensões têm realmente uma calibração voltada para um automóvel, filtrando muito bem até mesmo os solavancos. Aqui, vale destacar que o eixo rígido traseiro do Haval H9 usa molas helicoidais e, por isso, tem uma conexão a mais com o chassi – por isso é chamada de 5-link, pois a barra extra controla a movimentação lateral que os feixes de mola compensam naturalmente.
Este SUV é daqueles que são agradáveis de se acelerar na terra – único ambiente onde pude dirigi-lo, aliás. É silencioso, trata bem os passageiros mesmo na buraqueira e mantém a estabilidade mesmo com a tração 4×4 desligada. A direção também agrada pela resposta rápida que proporciona e o freio exige menos esforço, porque usa um e-boost, um sistema eletrônico que atua no freio em vez de um servofreio tradicional, como há na Poer.
Nesta situação de estrada de terra, que está bem registrada no vídeo, o GWM Haval H9 não parece tão lento quanto a potência e o peso podem sugerir. Pode ser efeito do bom torque, que é o que realmente faz a diferença neste cenário mas que não fará milagre na estrada.
Isso faz lembrar de outro Toyota, o antigo Land Cruiser Prado, que foi vendido no Brasil de 2003 a 2010. Nos primeiros anos, seu motor 3.0 turbodiesel gerava apenas 131 cv e o SUV precisava de 20 s para chegar aos 100 km/h. Mesmo assim, quem tem gosta tanto que é até difícil encontrar um à venda. Se o Haval H9 provar sua confiabilidade, poderá formar uma legião de fãs parecida. Potencial, pelo menos, ele tem.
Ficha técnica – GWM Haval H9 Exclusive 2.4 turbodiesel
Motor: diesel, diant., longit., 4 cil. em linha, 16V, 2.370 cm³, 184 cv a 3.600 rpm, 48,9 kgfm entre 1.500 e 2.500 rpm
Câmbio: aut., 9 marchas, tração 4×4 com reduzida e bloqueio no diferencial traseiro
Suspensão: ind. duplo A (diant.) / eixo rígido 5-link com molas helicoidais (tras.)
Freios: discos ventilados (diant. e tras.)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga-leve, 265/55 R19
Dimensões: comprimento, 495 cm; largura, 198 cm; altura, 193 cm; entre-eixos, 285 cm; peso, 2.525 kg; porta-malas, 1.598/791/88 L; tanque, 78 l
Desempenho: 0 a 100 km/h em 13 s; velocidade máxima de 170 km/h
Off-road: ângulo de ataque, 31°; ângulo de saída, 25°; ângulo central, 21,1°; distância livre do solo, n/d; imersão, 80 cm
