Compradores de picapes médias costumam ser bastante fieis às suas escolhas, mas a GWM tem bons argumentos para ganhar espaço no segmento. A GWM Poer P30 estreia no Brasil Brasil com uma das picapes média diesel mais equipadas e com a maior garantia, ao mesmo tempo que também é uma das mais baratas. Isto só é possível, porém, porque há duas versões com R$ 20.000 de desconto até 20 de setembro.
Preços da GWM Poer P30:
- Poer P30 Trail: R$ 220.000 – R$ 240.000 a partir de 20/9
- Poer P30 Exclusive: R$ 240.000 – R$ 260.000 a partir de 20/9
A diferença de preço é até pequena, considerando o salto no patamar de equipamentos de uma versão para outra. A Poer P30 Trail só tem airbags frontais e laterais enquanto a versão Exclusive ainda tem airbags de cortina e assistentes ADAS nível 2, como piloto automático adaptativo que pode ser guiado pelo leitor de placas, assistente de permanência em faixa e frenagem de emergência, que são opcionais até na Ford Ranger mais cara. Veremos adiante que ambas surpreendem pelos equipamentos.

A garantia é de 10 anos. A cobertura inclui motor, transmissão, eixos, freios, caixa de direção e ar-condicionado. Para outros componentes como suspensão, acabamentos internos e sistemas multimídia, a garantia é de cinco anos.
Quem exige um contato mais aprofundado para surpreender é o motor 2.4 turbodiesel de 184 cv e 48,9 kgfm disponível já a 1.500 rpm. A potência não chama a atenção, mas o torque está próximo daquilo que as rivais com mais de 200 cv entregam. O câmbio é sempre automático de nove marchas, produzido pela própria GWM, e a tração é 4×4 com as opções 2H, 4H e 4L, além de bloqueio do diferencial traseiro de série.

O desempenho divulgado pela GWM, no entanto, é bom: 0 a 100 km/h em 11,2 s. O consumo homologado junto ao Inmetro é de 9,5 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada. O tanque de diesel tem 78 litros de capacidade e o reservatório de ARLA 32 tem 15 litros de capacidade.
As dimensões colocam a Poer P30 como uma das maiores picapes médias à venda no Brasil. Tem 5,41 m de comprimento, 3,23 m de entre-eixos, 1,95 m de largura (sem espelhos) e 1,89 m de altura.
Primeiro GWM a diesel? No Brasil, sim

No ano que vem a GWM completará 30 anos produzindo picapes médias. A Great Wall Deer, de 1996, foi seu primeiro veículo e foi a picape mais vendida da China por nove anos, mas só saiu de linha em 2013. Hoje, a GWM Poer responde por cerca de metade das vendas de picapes na China. No Brasil, sua missão será ajudar a GWM a expandir as vendas no interior do país, onde seus híbridos e elétrico têm menos adesão.
O preço é um forte chamariz quando uma Ford Ranger Black 4×2 custa R$ 238.900 e uma Fiat Titano 4×4 Manual parte dos R$ 233,990. No entanto, a GWM teve cuidado ao definir as especificações para o carro brasileiro.

A Poer P30 Exclusive tem grade com bordas cromadas e rodas aro 19, enquanto a Trail tem grade cinza e rodas aro 18, mas ambas têm faróis full-led com setas sequenciais, câmeras de visão 360″ e estribos laterais integrados ao design da cabine. As lanternas também são full-led e a caçamba sempre têm protetor e amortecedor para aliviar o peso da tampa. Só falta, porém, iluminação no local. A capota marítima será dada aos compradores da pré-venda. A capacidade de carga chega aos 1.018 kg.

Por dentro, ambas as versões têm o painel mais sofisticado disponível na China, com quadro de instrumentos de 10,3″ e central multimídia de 14,6″, ar-condicionado automático de duas zonas e revestimento macio, que também está nas portas dianteiras. Há bancos elétricos para o motorista nas duas versões, mas só a Exclusive tem ajuste elétrico para o carona e ventilação e aquecimento nos dois bancos dianteiros, enquanto atrás os assentos são basculantes, como nas Ram de grande porte.

Alguns equipamentos são bastante específicos para o uso da Poer como carro de trabalho, mas incomuns nas rivais. É o caso dos interruptores para três pontos de energia 12V: 300W na região do motor, para reboques ou iluminação suplementar, 100W sob o banco do motorista e mais 150W na caçamba, com a intenção de viabilizar alguma instalação de equipamentos de trabalho.
Não é menos importante o fato do console abrigar a base de carregamento sem fio para smartphone, um compartimento refrigerado e os botões para o freio de estacionamento eletrônico com função auto-hold. Os freios, por sinal, são a disco nas quatro rodas. As portas USB estão em um porta-objetos acessado pelo lado do motorista e há mais duas portas para a traseira, abaixo das saídas de ar dedicadas.

E ainda estou falando de uma picape que, mesmo quando começar a ser montada no Brasil, a partir de outubro, continuará custando no máximo R$ 260.000 – menos que uma Fiat Titano Volcano, de R$ 263.990, que é a mais barata com câmbio automático. Mas como anda a GWM Poer?
O lazer que dá trabalho

Meu primeiro contato com a GWM Poer P30 foi na China, há alguns meses, e as primeiras impressões não foram as melhores. Era uma configuração mais simples, mas a lentidão da resposta do acelerador e a suspensão que não controlava a cabine desapontaram. Mas, assim como aconteceu com os outros GWM, fizeram acertos próprios para o Brasil.
De acordo com a empresa, a suspensão escolhida foi a terceira enviada pelo centro de desenvolvimento da GWM, na China. Está bem longe de ser mole a ponto de a picape adernar nas curvas, porque, na verdade, ficou bem firme.

Desta vez, o contato com a Poer foi apenas em estrada de terra batida, com a típica buraqueira e bastante cascalho. Foi um bom teste para o conforto e suporte dos bancos, que estão aprovados após tanto sacolejo. A picape da GWM filtra pouco as pequenas vibrações e tende a bater seco em buracos maiores, mas filtra bem as ondulações. O trecho mais próximo a um asfalto foi passando por uma barragem, onde o piso era de concreto e foi possível sentir com precisão cada emenda.
Este acerto de suspensão lembra bastante as antigas Ford Ranger 2.2, que eram calibradas para a picape ser usada com carga. É uma característica um tanto incongruente com o conteúdo da versão Exclusive, tão sofisticada por dentro. Tudo bem que o preço é equivalente às concorrentes mais básicas, mas picapes assim, mais completas, costumam ser usadas para lazer.

A boa surpresa é que, mesmo em meio ao sacolejo, a Poer mantém a estabilidade muito bem. Mesmo só com a tração traseira ativa, é difícil fazer com que ela saia de traseira. Primeiro porque os pneus parecem adequados à situação e em segundo porque o controle de estabilidade atua na hora certa, sem intervenções exageradas. Além disso, não há rebotes na direção, que é elétrica.
A GWM não conseguiu melhorar o rendimento do motor 2.4 turbodiesel, mas conseguiu melhorar suas respostas. Ele consegue obedecer o acelerador mais rápido enquanto o câmbio de nove marchas tenta encontrar a melhor rotação para ficar entre suas nove marchas. Há momentos em que o câmbio parece antecipar bastante o momento da redução de marcha, mas, em geral, é possível esquecer que ele está ali.

A picape desenvolve bem em modo 4×2 mas, como é praxe, nota-se como o pique reduz quando a tração 4×4 está ativada, um comportamento típico nas picapes médias. O seletor giratório da tração, porque o modo de funcionamento não está ali e é projetado na central multimídia com direito a efeito sonoro e o motorista não sabe para qual lado girar para habilitar o modo que quer. Comandos mais objetivos, que identificam a posição de cada modo de tração, ainda funcionam bem e não irritam.
Há qualidades, porém. O isolamento acústico da cabine é muito bom e o espaço no banco traseiro, também. Uma boa característica é o fato do assento traseiro ser pouco mais alto que o normal, o que diminui a flexão do joelho.

Uma verdade é que os preços da GWM Poer P30 ajudam a diluir bastante todas estas críticas – que, por sinal, poderiam ser facilmente resolvidas. Por estes R$ 240.000 praticados no lançamento, a versão Exclusive está mais alinhada em preço com as Ram Rampage diesel do que com as picapes médias de fato.
Para ficar mais claro, a única picape média que tem uma combinação de equipamentos equivalente é a Ford Ranger Limited V6 com o pacote opcional que lhe dá os assistentes ADAS, quadro de instrumentos digital de 12,4″ e câmeras de visão 360°. Tudo bem que seu motor tem 250 cv, mas ela custa R$ 366.600 – R$ 126.600 a mais. A Chevrolet S10 não tem piloto automático adaptativo, a Mitsubishi Triton não tem quadro de instrumentos digital, Toyota Hilux e Nissan Frontier nem sequer têm direção elétrica e seus assistentes são limitados por isso. E a Titano 2026, que era considerada com bom custo benefício e também tem projeto chinês, custa R$ 285.990 na versão mais completa.
A GWM garante que, ainda assim, terá lucro com a Poer no Brasil.
Ficha técnica – GWM Poer P30 Exclusive 2.4 turbodiesel
Motor: diesel, diant., longit., 4 cil. em linha, 16V, 2.370 cm³, 184 cv a 3.600 rpm, 48,9 kgfm entre 1.500 e 2.500 rpm
Câmbio: aut., 9 marchas, tração 4×4 com reduzida e bloqueio no diferencial traseiro
Suspensão: ind. duplo A (diant.) / eixo rígido com molas semielípticas (tras.)
Freios: disco sólido (diant. e tras.)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga-leve, 255/50 R20
Dimensões: comprimento, 541,6 cm; largura, 194,7 cm; altura, 188,6 cm; entre-eixos, 323 cm; peso, 2.223 kg; caçamba, 1.248 l; capacidade de carga, 1.010 kg tanque, 78 l
Desempenho: 0 a 100 km/h em 11,2 s; velocidade máxima não divulgada
Off-road: ângulo de ataque, 27°; ângulo de saída, 25°; ângulo central, 21,1°; distância livre do solo, 22,7 cm; imersão, 50 cm.