Maduro após ataque dos EUA a barco: “A Venezuela continuará de pé”

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, condenou o ataque das Forças Armadas dos Estados Unidos a uma lancha no sul do Caribe, que resultou na morte de 11 pessoas. A declaração foi feita nessa quarta-feira (3/9), durante um evento governamental em Caracas, onde Maduro afirmou que “o imperialismo lança um novo ataque” e que o país resistirá: “A Venezuela continuará de pé”.

“Hoje, o imperialismo lança um novo ataque. Não é o primeiro nem o último, e a Venezuela está de pé. Digo-lhes: a Venezuela continuará de pé , com serenidade, com firmeza, com fé inabalável na vitória e na paz, na unidade nacional de todo o seu povo, de todas as suas forças militares, de todas as suas forças policiais”, afirmou o ditador venezuelano.

Segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, a embarcação pertencia a “narcoterroristas” da facção Tren de Aragua e estava carregada de drogas. Esta facção, classificada pelo governo norte-americano como Organização Terrorista Estrangeira, é acusada de tráfico de drogas, exploração sexual, assassinatos e outros atos de violência.

Recentemente, a tensão entre EUA e Venezuela têm escalado após o governo norte-americano confirmar o envio de mais de 4.500 militares em navios de guerra em rumo as costas venezuelanas com a justificativa de conter cartéis de drogas. A mobilização naval foi ordenada após os EUA classificarem Maduro como chefe do cartel de drogas de Los Soles, e aumentaram a recompensa por sua prisão para US$ 50 milhões.

Na declaração, Maduro ainda enfatizou o compromisso com a paz do país, exaltando o nacionalismo e afirmando que o povo venezuelano é a favor da harmonia. Anteriormente, o mandatário venezuelano disse que os navios dos EUA são a maior ameaça que a América Latina já enfrentou e havia acrescentado  que o país está pronto para a luta armada em caso de intervenção militar.

“Somos um povo bom, um povo amante da paz, mas sabemos que, quando nossas terras, nossa história e nossos direitos são violados, nos tornamos guerreiros implacáveis. Esta terra pertence aos venezuelanos, às mulheres e aos homens venezuelanos, e nenhum traidor ou império pode tocar ou profanar as terras sagradas que nos foram legadas pelos combatentes da liberdade”, discursou Maduro.

Diosdado Cabello, ministro do Interior da Venezuela, afirmou que os EUA cometeram assassinato e anunciou que haverá exercícios militares da Milícia Bolivariana, composta por civis, quinta (4/9) e sexta-feira (5/9). A Venezuela busca cooperações internacinais para conter a ameaça dos EUA.

Cerco dos EUA para conter “narcotráfico”

A ação militar ocorre em meio ao endurecimento da política externa dos EUA contra o governo de Nicolás Maduro. Washington acusa o presidente venezuelano de ligação com o cartel de Los Soles, apontado por investigações norte-americanas como peça central do narcotráfico na região.

Referente a embarcação dos supostos narcotraficantes, onde 11 foram mortos, o Secretário de Estado, Marco Rubio afirmou que o barco estava lotado de drogas e tinha o objetivo de chegar aos EUA.

“Essas drogas em particular provavelmente estavam a caminho de Trinidad ou de outro país no Caribe, onde apenas contribuem para a instabilidade que esses países enfrentam. Portanto, o presidente foi muito claro que ele vai usar todo o poder da América e toda a força dos Estados Unidos para enfrentar e erradicar esses cartéis de drogas”, disse.

Até o momento, não foram apresentados documentos ou provas concretas que sustentem a participação direta de Maduro. A Venezuela, por sua vez, mobilizou tropas e milicianos, enviou 15 mil soldados à fronteira com a Colômbia e acionou a ONU, pedindo que pressione os EUA a respeitar a soberania do país.