Trump usará poder econômico e militar contra o Brasil para defender liberdade de expressão

A declaração foi feita em resposta a uma pergunta durante coletiva de imprensa, quando Leavitt foi questionada sobre a possibilidade de novas sanções ao Brasil em função do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF

Nesta terça-feira (9), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente Donald Trump adotou tarifas e sanções contra o Brasil com o objetivo de proteger a liberdade de expressão, destacando que o país não hesitará em usar seu poder econômico para defendê-la.

A declaração foi feita em resposta a uma pergunta durante coletiva de imprensa, quando Leavitt foi questionada sobre a possibilidade de novas sanções ao Brasil em função do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal), assim como a outros países europeus que estariam limitando a liberdade de expressão.

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil republicou um vídeo com a resposta completa de Leavitt na rede X, mas omitiu o trecho em que ela menciona o uso do poder militar. Segundo a porta-voz, a liberdade de expressão é a questão mais importante do momento, e Trump enfrenta censura em seu retorno à presidência, levando o tema a sério. Ela explicou que ações significativas foram tomadas contra o Brasil, incluindo sanções e tarifas, para evitar que países punam seus cidadãos dessa forma.

Leavitt destacou ainda que Trump protege os interesses norte-americanos tanto no exterior quanto dentro do próprio país, ressaltando que a administração considera a liberdade de expressão uma prioridade e que o presidente não teme usar o poder econômico para defendê-la globalmente. Fontes com acesso ao governo americano apontam, entretanto, que a menção ao uso do poder militar foi mais retórica do que uma intenção real de intervenção.

A declaração ocorre enquanto o STF julga Bolsonaro e outros sete réus por suposta articulação para impedir a posse de Lula na Presidência. O jornalista que questionou Leavitt, Michael Shellenberger, que se declara defensor da liberdade de expressão e publica conteúdos relacionados ao Brasil, compartilhou recentemente mensagens que tentam denunciar supostas posturas controversas do ministro Alexandre de Moraes nos processos que envolvem o ex-presidente.

Fontes afirmam que, apesar da retórica, não há indicativo de que os EUA considerem ação militar contra o Brasil. No entanto, Washington monitora declarações e ações envolvendo militares brasileiros, que seriam vistos por membros do governo Trump como omissos diante de medidas consideradas censórias.

O uso do poder econômico, por outro lado, já se traduziu na aplicação de tarifas de 50% a produtos brasileiros, e novas medidas podem ser adotadas, inclusive tarifas secundárias devido à importação de diesel da Rússia, à semelhança do que foi feito com a Índia. Aliados de Bolsonaro esperam novas sanções, como a possível cassação de vistos, após a conclusão do julgamento, prevista para o final da semana.

No mesmo dia, a Embaixada dos EUA no Brasil também replicou mensagens do governo Trump criticando Moraes enquanto ele votava no julgamento. A publicação destacou o compromisso norte-americano com o povo brasileiro na preservação da liberdade e da justiça, e informou que medidas seriam tomadas contra abusos de autoridade que minem essas liberdades. A mensagem original foi publicada pelo subsecretário para Diplomacia Pública do Departamento de Estado, Darren Beattie.

No domingo (7), apoiadores de Bolsonaro levaram bandeiras dos EUA à manifestação em favor do ex-presidente na Avenida Paulista, em São Paulo.