O ex-deputado norte-americano George Santos, filho de imigrantes brasileiros, deixou a prisão na madrugada deste sábado (18), poucas horas depois de Donald Trump ter lhe concedido perdão presidencial.
A libertação foi confirmada pelo advogado Joseph Murray, que falou à imprensa dos Estados Unidos logo após a decisão.
Perdão polêmico
O anúncio foi feito pelo próprio Trump, em uma publicação na plataforma Truth Social, de sua propriedade.
Na mensagem, o presidente declarou:
“George Santos é de fato um ‘bandido’, mas há muitos bandidos em nosso país que não são obrigados a cumprir sete anos de prisão.”
Santos, ex-representante republicano de Nova York, havia sido expulso do Congresso em 2023 e, no ano seguinte, declarou-se culpado de fraude eletrônica federal e roubo de identidade agravado.
Ele admitiu ter enganado doadores e usado dados pessoais de cerca de uma dúzia de pessoas — inclusive de parentes — para financiar sua campanha eleitoral.
Como parte do acordo judicial, comprometeu-se a pagar aproximadamente US$ 580 mil (cerca de 510 mil euros) em indenizações.
Trump justificou a decisão afirmando que o ex-deputado havia sido tratado de maneira cruel enquanto estava preso:
“Santos passou longos períodos em confinamento solitário e, de acordo com todos os relatos, foi tratado de forma terrível. É por isso que acabei de assinar uma comutação da sua pena, libertando George Santos da prisão IMEDIATAMENTE. Boa sorte, George, e desejo-lhe uma boa vida!”
Apelo direto ao presidente
Cumprindo pena em uma unidade prisional de segurança mínima, onde estava havia menos de três meses, Santos manteve uma rotina discreta, chegando a escrever artigos para o jornal The South Shore Press.
Em seu último texto, publicado dias antes do perdão, ele fez um apelo direto a Trump, ressaltando sua fidelidade ao Partido Republicano e à agenda do presidente:
“Senhor, apelo ao seu senso de justiça e humanidade — as mesmas qualidades que inspiraram milhões de norte-americanos a acreditar no senhor.”
“Peço humildemente que considere a dor e as dificuldades incomuns deste ambiente e me conceda a oportunidade de retornar à minha família, aos meus amigos e à minha comunidade.”
A defesa havia pedido uma pena mínima de dois anos de prisão, citando casos semelhantes, como o do ex-deputado Jesse Jackson Jr., condenado por crimes financeiros.
Da ascensão à queda
Eleito em 2022, Santos conquistou um distrito abastado que abrange partes do Queens e de Long Island. No entanto, poucos meses após a vitória, surgiram denúncias de que havia forjado boa parte de sua biografia, apresentando-se falsamente como empresário de Wall Street e proprietário de imóveis de alto valor.
A farsa resultou em investigações criminais e parlamentares, que culminaram em sua expulsão e posterior prisão.
Nova onda de perdões
O caso de Santos é mais um entre os atos de clemência assinados por Trump desde sua volta à Casa Branca em janeiro.
Antes dele, o presidente já havia perdoado o ex-deputado Michael Grimm, condenado por fraude fiscal em 2014, e o ex-governador John Rowland, de Connecticut, que cumpriu pena por corrupção.