Depois de abandonar o suporte ao Apple CarPlay e Android Auto em seus carros elétricos, a General Motors agora confirma que fará o mesmo com os automóveis com motores a combustão. A decisão foi confirmada por Mary Barra, CEO da GM, no podcast do site The Verge.
A medida de abandonar o espelhamento de celular na central multimídia começou com o lançamento do Chevrolet Blazer EV. Na época, a fabricante defendeu a decisão afirmando que o uso da tecnologia diminui a segurança e que afeta sistemas de direção semi-autônoma. Outro argumento é que, com um sistema próprio integrado ao carro, o navegador poderia ser mais preciso ao dar sugestões de carregadores, baseado na carga atual do veículo.
No lugar do espelhamento, a GM investiu no desenvolvimento do Ultifi, um sistema operacional nativo baseado na plataforma Android Automotive.

Agora a tecnologia será levada para todo o portfólio de suas marcas, que incluem Chevrolet, GMC, Buick e Cadillac. Barra explicou que a atualização será feita ao longo dos próximos lançamentos, embora não tenha dado um prazo para quando isso começará a ser aplicado nos carros a combustão.
É importante diferenciar: o Android Auto é um espelhamento, enquanto o Google Built-in é o sistema operacional do carro, que integra funções como Google Maps e Google Assistant diretamente ao hardware do veículo, sem depender do smartphone.
Segundo a General Motors, a integração nativa permite uma experiência de usuário mais coesa e robusta. A empresa alega que, dessa forma, a navegação pode se comunicar melhor com os dados do veículo, como autonomia, e interagir com outros sistemas, como o ar-condicionado.
Durante a entrevista do The Verge, Sterling Anderson, chefe de produto da GM, tentou justificar que o sistema nativo da empresa é melhor e que os motoristas gostam do Android Auto e Apple CarPlay porque as multimídias têm interfaces ruins, o que seria resolvido pelo Ultifi.
A decisão da GM, no entanto, vai na contramão de quase toda a indústria, que trata o espelhamento como um item essencial para os consumidores. A justificativa de “melhor experiência” é vista com ceticismo pelo mercado.
Críticos apontam que a motivação real é o controle sobre os dados do usuário e a criação de novas fontes de receita. Com um sistema proprietário, a GM pode gerenciar uma loja de aplicativos e vender serviços por assinatura diretamente na multimídia do carro.
Não que a GM possa negar essas acusações. Edward Kummer, diretor digital da GM, disse em outra entrevista que o uso da nova plataforma criaria “oportunidades de receita por assinatura”. Além disso, a empresa está sendo investigada nos Estados Unidos por coletar e vender dados dos motoristas sem seu consentimento.
Para os motoristas, a mudança significa que o acesso a aplicativos populares, como o Waze (que não seja pelo Google Maps) ou o Spotify, dependerá da disponibilidade deles na loja do sistema Ultifi. A conectividade com iPhones ficará restrita ao Bluetooth básico para chamadas e áudio.
A chefe da GM deu a entender que isso será aplicado para toda a linha da GM, sem especificar se é uma decisão somente para o mercado norte-americano ou se afetará os carros vendidos em outros países. No caso do Brasil, tanto o Blazer EV quanto o Equinox EV chegaram com o sistema Ultifi e sem suporte para Android Auto e Apple CarPlay, exatamente como nos EUA.
