O Ministério do Comércio da China anunciou o “Anúncio nº 62 de 2025”, medida que impõe fortes restrições à exportação de terras raras, minerais essenciais para a fabricação de carros elétricos, smartphones, painéis solares e equipamentos militares.
A decisão, vista como uma resposta geopolítica direta aos Estados Unidos, exige que empresas estrangeiras solicitem autorização de exportação e informem o uso final dos produtos que contenham até pequenas quantidades desses elementos.
Pequim controla quase toda a extração e o refino global das terras raras, usadas inclusive em sistemas militares como o caça F-35, que depende de cerca de 400 quilos desses materiais. A medida, portanto, é interpretada como um golpe na base industrial americana.
Em reação, o presidente Donald Trump ameaçou aumentar tarifas em 100% sobre produtos chineses e restringir softwares estratégicos, enquanto o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou: “Isso é a China contra o mundo. Eles apontaram uma bazuca para as cadeias de suprimentos e não vamos permitir isso.”
A China rebateu, acusando Washington de “provocar pânico desnecessário” e garantiu que exportações de uso civil continuarão sendo liberadas. O impasse marca o fim da trégua comercial entre as duas potências, que agora voltam a aplicar novas tarifas portuárias. Uma reunião entre Xi Jinping e Trump está prevista ainda este mês para tentar reduzir as tensões.
Especialistas afirmam que a China atingiu um ponto vulnerável da economia americana.
Segundo Naoise McDonagh, da Universidade Edith Cowan, as restrições “abalam o sistema” e atrasam o cronograma de negociações de Washington. Mesmo representando menos de 0,1% do PIB chinês, o setor é estratégico, destaca Sophia Kalantzakos, da Universidade de Nova York: “O setor dá à China poder de pressão nas negociações com os EUA.”
A China fornece 70% dos metais usados em motores elétricos, enquanto Austrália e Brasil tentam aumentar sua participação. O Brasil detém 23% das reservas conhecidas, mas responde por menos de 1% da produção global, segundo o professor Sidney Ribeiro, da Unesp.
Para analistas, a ofensiva chinesa mostra que Pequim está disposta a enfrentar custos econômicos para manter sua supremacia nas cadeias de suprimentos globais.