Dez pessoas começaram a ser julgadas nesta segunda-feira (27/10), em Paris, acusadas de liderar uma campanha de assédio virtual contra Brigitte Macron. O grupo é apontado como responsável por disseminar uma teoria conspiratória que afirma, falsamente, que a primeira-dama da França seria, na verdade, um homem chamado Jean-Michel Trogneux, nome do irmão mais velho dela.
O processo teve início após uma queixa apresentada por Brigitte em 2024. Entre os réus, estão oito homens e duas mulheres, com idades entre 41 e 60 anos, todos respondendo por assédio virtual. Caso sejam condenados, podem pegar até dois anos de prisão e pagar multas.
Segundo a promotoria, os acusados publicaram e compartilharam comentários ofensivos sobre o gênero e a sexualidade da primeira-dama. Alguns chegaram a relacionar a diferença de idade entre ela e o presidente Emmanuel Macron à pedofilia.
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Emmanuel Macron e Brigitte Macron
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Brigitte Macron
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Em depoimento, Brigitte afirmou que as mensagens eram “odiosas” e que o ataque virtual afetou toda a família. “O impacto foi sentido principalmente pelos meus netos”, declarou.
O julgamento deve se estender pelos próximos dias. Além de pena de prisão, os réus poderão ser condenados a indenizar a primeira-dama por danos morais e à imagem.
Réus alegam “brincadeira”
Durante a audiência, alguns dos acusados tentaram minimizar as postagens. O técnico de informática Jérôme A., de 49 anos, afirmou que o conteúdo era “apenas uma brincadeira”. “Eu queria ser sarcástico, nada mais”, disse.
Outro réu é o publicitário Aurélien Poirson-Atlan, de 41 anos, conhecido nas redes pelo pseudônimo Zoé Sagan e ligado a grupos de teorias da conspiração.
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Também está entre os julgados a médium Delphine J., de 51 anos. Ela já havia sido processada por Brigitte Macron em 2022, após divulgar no YouTube uma entrevista com a autodenominada jornalista Natacha Rey, repetindo a alegação de que a primeira-dama teria nascido homem.
Na ocasião, Delphine e Rey foram condenadas a indenizar a família Macron em 2024, mas a decisão acabou anulada em instância superior. O caso seguiu para o Cour de Cassation, o mais alto tribunal da França.
Teoria desmentida
A teoria conspiratória foi amplamente refutada por documentos e testemunhos. Jean-Michel Trogneux, de 80 anos, é irmão da primeira-dama e vive em Amiens, cidade natal da família, conhecida pela tradicional fábrica de chocolates. Ele esteve presente nas duas cerimônias de posse de Emmanuel Macron, em 2017 e 2022.
Brigitte Macron, hoje com 72 anos, é 24 anos mais velha que o presidente. O casal se conheceu quando ela era professora de francês em uma escola jesuíta de Amiens e dirigia uma peça de teatro da qual Emmanuel participava. Os dois se casaram em 2007, um ano após o divórcio de Brigitte.