Enquanto o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, era levado às pressas para o centro cirúrgico do Hospital Ipiranga, na zona sul de São Paulo, após ser baleado por um policial militar, sua situação servia de motivo de chacota entre bombeiros e um PM.
A conversa, registrada pela câmera corporal de um dos agentes, mostra os profissionais ironizando a falta de estrutura da unidade hospitalar. Um bombeiro comenta que o hospital estava “sem tomografia”, ao que outro responde: “tem que sofrer mesmo”.
O caso ocorreu em 20 de novembro do ano passado, quando Acosta foi atingido no abdômen pelo disparo do soldado Guilherme Augusto Macedo, após uma perseguição dentro de um hotel na Vila Mariana. O episódio começou quando o estudante deu um tapa no retrovisor da viatura e correu para o estabelecimento. Toda a ação foi gravada pela câmera acoplada ao uniforme de Macedo.
Acosta sofreu duas paradas cardiorrespiratórias antes da cirurgia e morreu pouco depois. A família contesta a escolha do hospital, a cerca de 5 km do local do crime, alegando que havia outras unidades mais próximas e melhor equipadas.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que os atendimentos seguiram os protocolos de emergência e que a escolha do hospital foi feita por um médico regulador do Copom, com base na disponibilidade de leitos e equipamentos.
As novas imagens também mostram Macedo dizendo que já conhecia o estudante, citando a favela Mario Cardim, na região da Vila Mariana. O policial foi indiciado por homicídio doloso e permanece afastado das funções, enquanto o caso segue em fase de instrução judicial.
O pai do estudante, o médico Julio Cesar Acosta Navarro, tem buscado justiça dentro e fora do país — chegou a relatar o caso em uma reunião da ONU, em Genebra, e foi recebido pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
O governo paulista, por meio da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), informou que o caso foi investigado pela Corregedoria da PM e pelo DHPP, e aguarda a decisão final do Poder Judiciário.