Governo Castro e Planalto trocam acusações após ação que deixou mais de 130 mortos

A dimensão da ação e o alto número de mortes chamaram atenção internacional

O número de mortos na Operação Contenção, realizada sob comando do governador Cláudio Castro (PL), chegou a 132 pessoas até a tarde desta quarta-feira (29). A ação, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, teve início um dia antes e teve como objetivo capturar integrantes da facção Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da capital fluminense.

A ofensiva mobilizou cerca de 2.500 agentes, entre policiais e militares, que atuaram por terra e ar com o apoio de helicópteros e veículos blindados. A operação visava cumprir 100 mandados de prisão expedidos contra suspeitos de ligação com o crime organizado.

A dimensão da ação e o alto número de mortes chamaram atenção internacional. Imagens de dezenas de corpos, dispostos em uma rua próxima às comunidades, circularam amplamente nas redes sociais e veículos estrangeiros. De acordo com informações locais, 64 cadáveres estavam sem roupas, procedimento adotado para facilitar a identificação por meio de tatuagens, cicatrizes e marcas corporais. Até o momento, 113 pessoas foram presas, mas as identidades das vítimas fatais ainda não foram divulgadas.

Diante da repercussão negativa, o governador Cláudio Castro afirmou, em entrevista coletiva, que não contou com apoio do governo federal para realizar a operação. Segundo ele, o pedido de cooperação não foi atendido.

A declaração foi contestada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que rebateu as críticas e disse que o Planalto não foi informado previamente sobre a ação. O ministro lembrou ainda que a Polícia Federal conduz uma investigação em andamento contra facções criminosas no estado e que o compartilhamento de informações teria sido essencial para evitar o desfecho trágico.

O governo federal, por sua vez, destacou que está empenhado em ações estruturais de combate ao crime organizado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido o avanço do Projeto de Lei Antifacção, que pretende estrangular financeiramente as organizações criminosas, ampliar penas para líderes de facções e criar um banco de dados nacional para rastrear a atuação desses grupos em todo o país.