Herança de sangue: filhos são presos por mandar matar fazendeiro bilionário

O fazendeiro foi alvejado no rosto enquanto estava dentro de uma caminhonete ao lado do advogado Leonardo Ribeiro, que também foi atingido

Dois filhos do empresário e fazendeiro Jefferson Cury, de 83 anos, foram presos sob suspeita de terem mandado matar o próprio pai por causa de uma disputa pela herança. O crime ocorreu em novembro de 2024, em Quirinópolis (GO), e as prisões foram realizadas durante a Operação Testamento, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás na última quarta-feira (29).

O homicídio aconteceu na noite de 28 de novembro do ano passado, em uma das propriedades de Cury, localizada às margens da GO-206. O fazendeiro foi alvejado no rosto enquanto estava dentro de uma caminhonete ao lado do advogado Leonardo Ribeiro, que também foi atingido por dois disparos na cabeça. Ribeiro foi encontrado no dia seguinte por um funcionário da fazenda e conseguiu sobreviver após permanecer vários dias hospitalizado.

As investigações apontam que o autor dos tiros seria um afilhado de Cury, que teria contado com o auxílio dos próprios pais, funcionários da fazenda. Segundo a Polícia Civil, o crime teria sido encomendado pelos filhos do empresário, com o envolvimento de um corretor de imóveis interessado em lucrar com a administração e a futura venda do patrimônio da vítima.

De acordo com os investigadores, Cury possuía uma fortuna estimada em cerca de R$ 1 bilhão e pretendia transferir seus bens para uma holding familiar — medida que o excluiria da linha direta de sucessão dos filhos. Essa mudança seria formalizada em cartório no dia seguinte ao assassinato.

A corporação informou que o fazendeiro já havia marcado para o dia 29 de novembro de 2023 a assinatura do documento que confirmaria a transferência do patrimônio para a empresa, formalizando o testamento que os filhos queriam impedir.

Ao todo, seis pessoas foram presas: os dois filhos de Cury, o corretor de imóveis, o casal de caseiros e o filho deles. As detenções ocorreram em Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

As apurações também revelam que os filhos do fazendeiro já haviam recebido cerca de R$ 160 milhões cada um, referentes à herança deixada pela mãe. Mesmo assim, teriam articulado a morte do pai para antecipar o acesso à fortuna bilionária. Já o casal de caseiros teria participado do crime por estar com uma dívida de aproximadamente R$ 1,7 milhão em nome do filho.