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Isolamento e conflitos internos marcam reta final de Bolsonaro na trama golpista

Por Brasil Direto

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Bolsonaro passa mal e é levado para hospital em Brasília

Nos últimos dias, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrentou uma sequência de contratempos, envolvendo a conversa entre Lula (PT) e Donald Trump, o projeto de anistia emperrado no Congresso e o esgotamento de seus recursos no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ele se aproxima da fase final do processo da trama golpista diante da possibilidade de cumprir pena em regime fechado, lidando ainda com a fragmentação do seu próprio grupo político. Bolsonaro teria reclamado a aliados sobre conflitos e farpas trocadas entre integrantes de sua base.

Segundo interlocutores, o isolamento provocado pela prisão domiciliar, que dura desde 4 de agosto, tem intensificado as divergências internas. A medida foi imposta pelo STF após constatar descumprimento de cautelares, incluindo a proibição de uso das redes sociais por meios próprios ou de terceiros. Há duas semanas, o ministro Alexandre de Moraes ratificou a decisão, destacando risco de fuga.

O ex-presidente ainda teve outras más notícias no mesmo período. No último domingo (26), Lula se encontrou com Donald Trump pela primeira vez, e as negociações têm como objetivo reduzir tarifas comerciais ou reverter parcialmente as atuais taxas. Para aliados bolsonaristas, o encontro beneficia politicamente o governo petista, reforçando a posição de Lula, que vinha recuperando popularidade com discurso de soberania, especialmente frente às ações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.

Enquanto isso, o projeto de anistia para os condenados pelos atos de 8 de Janeiro, que poderia evitar a prisão de Bolsonaro em regime fechado, permanece parado no Congresso.

A situação política do ex-presidente se agrava ainda mais com desentendimentos públicos entre aliados. Sem participação ativa nas discussões cotidianas, seu grupo tem se dispersado, e cada membro atua conforme seus interesses. Bolsonaro acredita que, se não estivesse preso, poderia mediar e resolver essas divergências.

Um exemplo dessas tensões é o embate nas redes sociais entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e o senador Ciro Nogueira (PP-PI). Caiado, que disputa espaço eleitoral na direita, criticou Nogueira por se colocar como porta-voz de Bolsonaro, enquanto o senador rebateu dizendo que Caiado se ocupava com polêmicas desnecessárias. Intermediários agora tentam aproximar Bolsonaro e Caiado nas próximas semanas, primeira reunião entre eles desde o início da prisão domiciliar, período em que Bolsonaro se encontrou com Ciro Nogueira duas vezes.

Caiado defende que a direita apresente mais de um candidato em 2026, argumentando que enfrentar Lula sozinho seria como encarar uma “máquina de triturar”. Já Nogueira defende a unificação de candidaturas em torno do nome considerado mais viável, atualmente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O debate sobre quem terá o apoio de Bolsonaro para concorrer à Presidência em 2026 domina hoje a pauta política da direita. O ex-presidente já está inelegível e agora encara uma nova condenação criminal pelo envolvimento na trama golpista, com pena de 27 anos e três meses de prisão.

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