Israel retoma cessar-fogo em Gaza após bombardeios que mataram 104 pessoas

O Exército detalhou que as Forças Armadas de Israel, em conjunto com o serviço de inteligência interna, atingiram mais de 30 líderes de organizações terroristas na Faixa de Gaza

O Exército de Israel informou nesta quarta-feira que o cessar-fogo na Faixa de Gaza foi retomado após uma série de bombardeios realizados desde o dia anterior, que resultaram na morte de 104 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Os ataques foram autorizados pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que justificou a ação com violações do grupo palestino ao acordo mediado pelos Estados Unidos, incluindo um episódio relacionado à devolução dos restos mortais de um refém e um ataque a tropas israelenses no sul do enclave, que matou um soldado.

O Exército detalhou que as Forças Armadas de Israel, em conjunto com o serviço de inteligência interna, atingiram mais de 30 líderes de organizações terroristas na Faixa de Gaza, seguindo instruções do escalão político. As tropas afirmaram que continuarão a responder com força a qualquer nova violação do acordo.

O Ministério da Saúde de Gaza relatou que, entre os 104 mortos, 46 eram menores de idade e 20 mulheres, além de mais de 250 feridos. Testemunhas confirmaram bombardeios em diversas áreas, incluindo a Cidade de Gaza, Khan Younis, Beit Lahia, al-Bureij e Nuseirat, atingindo regiões residenciais e escolas usadas como abrigo por deslocados. Moradores relataram explosões constantes durante a madrugada, que interromperam temporariamente a reconstrução da vida no enclave.

O cessar-fogo vigente, assinado no Egito com mediação dos Estados Unidos e do Catar, tem sido marcado por acusações mútuas entre Hamas e Israel sobre descumprimento do acordo. Os ataques recentes foram mais letais do que os anteriores, como os ocorridos em 19 de outubro, que mataram 44 pessoas.

Autoridades americanas destacaram que a ação israelense foi uma retaliação à morte do soldado e não representa necessariamente uma ruptura total do cessar-fogo. O presidente Donald Trump afirmou que os ataques foram uma resposta proporcional e que, se o Hamas mantiver comportamento adequado, a paz poderá ser preservada. O vice-presidente americano JD Vance classificou os confrontos como pequenos incidentes isolados e afirmou acreditar na manutenção do cessar-fogo.

O governo israelense apresentou duas justificativas para os ataques. A primeira envolveu a devolução dos restos mortais de um refém, que teriam sido enterrados de forma inadequada, contrariando o acordo e gerando confusão sobre a identidade do corpo. A segunda se referiu a um ataque contra tropas israelenses em Rafah, durante uma operação para desativar um túnel, no qual um soldado foi morto. O Hamas negou envolvimento e reafirmou seu compromisso com o cessar-fogo, acusando Israel de violar os termos com seus bombardeios. A Brigada Ezzedine al-Qassam anunciou ainda que adiaria a entrega de restos mortais de outro refém devido aos ataques.