Lewandowski, Evaristo e Passos vão ao Rio discutir crise de segurança com Claudio Castro

A visita ocorre após a operação policial mais letal da história recente do estado

Os ministros Ricardo Lewandowski, da Justiça, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos, junto com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, viajarão ao Rio de Janeiro nesta quarta-feira para tratar da crise de segurança com o governador Claudio Castro. A decisão de enviar a comitiva federal foi tomada em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio da Alvorada.

A visita ocorre após a operação policial mais letal da história recente do estado, que resultou em pelo menos 120 mortes. A ação visava cumprir mandados de prisão contra integrantes da facção Comando Vermelho. Em entrevistas recentes, Castro criticou a falta de cooperação do governo federal durante a operação.

Em uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, realizada na noite anterior, o governo federal autorizou a transferência de presos para penitenciárias federais de segurança. O pedido partiu do próprio governador, que participou da reunião por ligação telefônica. Inicialmente, Castro se ofereceu para ir a Brasília, mas a cúpula do governo federal decidiu deslocar a comitiva até o Rio de Janeiro.

Lewandowski destacou que o governo federal colocará vagas à disposição para transferência de criminosos e fornecerá suporte técnico, incluindo peritos criminais, médicos e acesso a banco de dados de DNA. Segundo ele, o crime organizado atua de forma altamente sofisticada, e o enfrentamento eficiente depende de inteligência e coordenação entre diversas forças, não apenas de força bruta.

Auxiliares do presidente avaliam que o governador cometeu um equívoco ao tentar enfrentar sozinho o Comando Vermelho apenas com a Polícia do Rio. Castro reclamou publicamente da falta de apoio federal e afirmou que havia solicitado blindados em três ocasiões, sem sucesso. O Ministério da Defesa esclareceu que a disponibilização de blindados só poderia ocorrer mediante Garantia da Lei e da Ordem (GLO), decretada pelo presidente da República.

O Planalto defende um planejamento integrado entre polícias estaduais, Polícia Federal e Exército, com troca contínua de informações de inteligência. Ao mesmo tempo, a orientação do governo é manter a interlocução diplomática com o governador, evitando tensões políticas. Ministros ressaltam que a participação federal deve ocorrer desde a fase de planejamento até a execução das operações, e não se limitar ao empréstimo de equipamentos.