O presidente Lula sancionou nesta quarta-feira uma nova lei que reforça o combate ao crime organizado e amplia a proteção de agentes públicos, em resposta à megaoperação contra o Comando Vermelho, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro. A legislação, aprovada anteriormente pelo Congresso, passou a definir como crimes autônomos ações como conspiração e obstrução de medidas contra organizações criminosas.
Entre as alterações, o governo destacou o aumento da proteção pessoal a policiais, integrantes das Forças Armadas em regiões de fronteira, autoridades judiciais e membros do Ministério Público. Segundo o Executivo, uma das principais metas da medida é reduzir a mortalidade policial, que em 2024 registrou 186 mortes, incluindo 145 militares, 20 penais, 15 civis e peritos, cinco guardas municipais e um policial rodoviário.
Na quarta-feira à noite, Lula se manifestou publicamente pela primeira vez sobre a megaoperação que ocorreu na terça-feira nos complexos da Penha e do Alemão. Na ocasião, ele ressaltou a necessidade de combater o crime organizado, que continua a afetar famílias e moradores, espalhando violência e drogas pelas cidades. O presidente determinou ainda a ida do ministro da Justiça e do diretor-geral da Polícia Federal ao Rio de Janeiro, para coordenar ações com o governador do estado, resultando no anúncio de uma força-tarefa conjunta.
Lula enfatizou a importância de uma atuação coordenada que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar em risco policiais, crianças e famílias. Ele lembrou que, em agosto, foi realizada a maior operação contra o crime organizado da história do país, atingindo o Primeiro Comando Capital (PCC), a facção criminosa mais poderosa do Brasil, com sede em São Paulo, envolvida em venda de drogas, adulteração de combustíveis e lavagem de dinheiro.
Com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição da Segurança, o governo afirmou que as diferentes forças policiais poderão atuar de forma integrada no enfrentamento às facções criminosas.
Durante a operação da terça-feira, os confrontos se estenderam por áreas de mata que cercam os complexos da Penha e do Alemão, afetando uma população de aproximadamente 200 mil pessoas. Foram detidos 113 suspeitos e 10 adolescentes ficaram sob custódia; a polícia apreendeu 119 armas, 14 engenhos explosivos e toneladas de drogas. Os criminosos recorreram a armamento de alto calibre e até drones com explosivos, bloqueando importantes vias da cidade e causando paralisações parciais.
Os números oficiais da Polícia Civil divergem das estatísticas da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, que registrou 132 mortes após relatos de moradores que buscaram familiares desaparecidos e começaram a reunir e expor dezenas de corpos em praças dos bairros afetados.