A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a reabertura das investigações sobre uma possível interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal (PF) durante seu mandato.
O caso teve início após declarações do então ministro da Justiça, Sergio Moro, atualmente senador pelo União Brasil, que acusou Bolsonaro de tentar influenciar politicamente investigações conduzidas pela corporação. Na época, o ex-presidente respondeu alegando denunciação caluniosa contra Moro.
O inquérito inicial, conduzido pela PF, não identificou indícios de crime, e o então procurador-geral, Augusto Aras, solicitou o arquivamento. Em maio de 2024, o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, questionou se o atual procurador-geral, Paulo Gonet, manteria a posição de Aras. A PGR defende agora que a investigação seja retomada para apurar possíveis interferências ou tentativas de interferência, inclusive com uso da estrutura do Estado e obtenção de dados sigilosos, conforme descrito em depoimentos e diálogos de Moro.
O novo parecer de Gonet também orienta que a PF examine se há conexão entre esses fatos e outros inquéritos em andamento, incluindo apurações sobre uma suposta organização criminosa voltada a ataques contra autoridades, o sistema eleitoral e instituições públicas, com uso de dados confidenciais, disseminação de fake news e atuação de órgãos como a Abin e o GSI.
As acusações de Moro remontam a abril de 2020, quando ele anunciou sua saída do governo, alegando que Bolsonaro tentou influenciar a PF, principalmente em investigações envolvendo familiares do ex-presidente. Entre os pontos citados estava a exoneração de Mauricio Valeixo, então diretor-geral da PF, e a tentativa de nomear um aliado para ter acesso a informações de inquéritos.
Moro afirmou que Bolsonaro manifestou esse desejo diversas vezes, incluindo em uma reunião ministerial de 22 de abril de 2020, cujo vídeo foi posteriormente utilizado como prova. O ex-presidente negou as acusações, alegando que sua preocupação era a segurança de sua família, e sugeriu que o vídeo da reunião deveria ter sido destruído. Poucos dias depois, Bolsonaro indicou Alexandre Ramagem, atual diretor-geral da Abin e próximo da família, para comandar a PF, nomeação que foi suspensa por Moraes devido a desvio de finalidade.
 
			         
			         
												 
															