O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (23) a suspensão total das negociações comerciais com o Canadá. A decisão foi tomada após a divulgação de um vídeo que, segundo ele, distorce fatos históricos ao exibir o ex-presidente Ronald Reagan criticando tarifas de importação. Trump classificou o material como uma “propaganda mentirosa” e afirmou que o conteúdo foi produzido com o intuito de interferir em decisões da Suprema Corte e de outros tribunais.
A reação do presidente ocorreu após o premiê de Ontário, Doug Ford, destacar um vídeo recentemente veiculado com uma mensagem contrária às tarifas comerciais. A gravação mostra Reagan, também republicano, defendendo que barreiras econômicas provocam perdas de empregos e estimulam disputas comerciais entre países.
Embora o vídeo utilize trechos reais de um discurso feito em abril de 1987 — presente nos arquivos da biblioteca presidencial de Reagan —, a versão divulgada altera a ordem original das falas. Na época, Reagan argumentava sobre os efeitos negativos de tarifas a longo prazo, mas justificava a adoção temporária de sobretaxas sobre produtos eletrônicos japoneses.
No pronunciamento original, Reagan mencionava que a imposição de tarifas ou barreiras comerciais era uma medida adotada com relutância e que, embora houvesse razões econômicas para sua aplicação, os impactos prolongados poderiam prejudicar trabalhadores e consumidores dos Estados Unidos.
A atual política econômica de Trump, no entanto, tem as tarifas como uma de suas principais ferramentas de negociação internacional. Desde o início de seu governo, as taxas impostas sobre diversos países elevaram os níveis tarifários dos EUA a patamares inéditos desde a década de 1930. O presidente também tem recorrido constantemente à ameaça de novas tarifas como forma de pressionar parceiros comerciais, o que causa apreensão entre empresários e analistas econômicos.
Doug Ford comentou, no início da semana, que ficou sabendo que Trump havia assistido ao vídeo e avaliou que o presidente norte-americano não teria recebido a mensagem de forma positiva.
Enquanto isso, o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, declarou à imprensa que seu governo não aceitará condições injustas de acesso ao mercado canadense por parte dos Estados Unidos, caso as tratativas sobre os acordos comerciais fracassem.
Neste ano, Trump já havia imposto tarifas sobre aço, alumínio e automóveis vindos do Canadá, provocando uma resposta imediata de Ottawa com medidas semelhantes. As duas nações vêm mantendo diálogos nas últimas semanas em busca de um entendimento que restabeleça o equilíbrio comercial entre os setores afetados.
Para 2026, está prevista uma revisão do acordo de livre comércio firmado entre Estados Unidos, Canadá e México, originalmente atualizado em 2020.