O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu nesta quarta-feira (15/10), em Moscou, o novo chefe de Estado sírio, Ahmed al-Sharaa, para discutir o futuro das relações bilaterais e o papel da Rússia na reconstrução política e econômica da Síria. O encontro simboliza um realinhamento estratégico entre Moscou e Damasco, em um contexto de profundas mudanças na região desde a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024.
A reunião, realizada no Kremlin, contou com a presença de outras autoridades russas, entre elas o chanceler Sergey Lavrov e o ministro da Defesa Andrei Belousov. De acordo com comunicado oficial, a agenda abrangeu “o estado atual e o futuro dos laços políticos, comerciais, econômicos e humanitários entre Rússia e Síria, bem como a situação no Oriente Médio”.
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Novo cenário
Durante o encontro, Putin destacou os mais de 80 anos de relações diplomáticas entre os dois países, estabelecidas ainda em 1944. O presidente russo afirmou que os laços com a Síria “sempre foram guiados pelos interesses do povo sírio”.
“Nas relações da Rússia com a Síria, nunca fomos guiados por interesses momentâneos ou pessoais. O interesse do povo sírio sempre foi nosso único princípio norteador”, declarou Putin.
O líder do Kremlin também mencionou a recente eleição parlamentar síria, no início de outubro, classificando-a como um passo para a consolidação política após anos de instabilidade.
“Uma nova era para uma nova Síria”
O presidente sírio Ahmed al-Sharaa afirmou que o país vive “uma nova era” e agradeceu à Rússia pelo apoio nas últimas décadas. O líder, que chegou ao poder após liderar grupos rebeldes que depuseram Assad, busca agora construir uma imagem moderada e reformista, capaz de equilibrar as relações entre Moscou, Kiev e as potências ocidentais.
Ele ainda destacou que a prioridade de seu governo é a estabilidade interna e regional, além da reconstrução nacional após mais de uma década de guerra civil.
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Rússia reavalia papel após queda de Assad
A visita ocorre um mês após al-Sharaa revelar que Moscou havia retirado o apoio militar ao antigo regime de Bashar al-Assad. Segundo o presidente sírio, a decisão foi tomada durante negociações entre forças russas e grupos rebeldes durante o avanço do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) na cidade de Hama, em 2024.
Apesar do “abandono” militar, Putin concedeu asilo político a Assad e facilitou sua fuga para Moscou. Desde então, a Rússia vem tentando manter influência na Síria por meio da diplomacia e da cooperação econômica — um movimento interpretado como uma tentativa de preservar presença estratégica no Oriente Médio sem se envolver em novos conflitos armados.