O Kremlin informou nesta segunda-feira (27) que o recente teste do míssil de cruzeiro Burevestnik, de longo alcance e propulsão nuclear, teve como objetivo reforçar a segurança da Rússia diante do que classificou como o crescente militarismo europeu. Segundo o porta-voz Dmitri Peskov, não há elementos no teste que possam gerar tensão nas relações com Washington, e a proteção do país é uma questão vital, especialmente diante da retórica militarista vinda da Europa.
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou no domingo (26) que os testes finais do Burevestnik foram concluídos e que já foi dada a ordem para preparar a infraestrutura necessária para que o míssil seja incorporado ao arsenal das Forças Armadas. Segundo Putin, a arma possui alcance ilimitado e representa uma criação sem paralelo no mundo. O teste realizado em 21 de outubro percorreu aproximadamente 14 mil quilômetros durante cerca de 15 horas de voo, de acordo com informações do Estado-Maior russo.
Em reação, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou o teste, afirmando que Putin deveria focar em encerrar a guerra na Ucrânia, que, segundo ele, se prolonga por quase quatro anos quando deveria ter durado apenas uma semana. Peskov rebateu, classificando a reação europeia de “histeria russofóbica” e defendendo o desenvolvimento de novos armamentos como parte da estratégia de defesa da Rússia, diante de um cenário de hostilidade e beligerância por parte da Europa.
O porta-voz russo afirmou ainda que o teste não prejudica as relações com os EUA, que começam a mostrar sinais de retomada do diálogo, ressaltando que Moscou permanece aberta a negociações com base em seus interesses. Trump, questionado sobre novas sanções após penalizar recentemente as empresas russas Lukoil e Rosneft, evitou dar detalhes, afirmando apenas que os cidadãos “descobrirão”.
Em relação à declaração de Moscou sobre o alcance de 14 mil quilômetros do Burevestnik, Trump afirmou que os EUA possuem “o melhor submarino nuclear do mundo”, estrategicamente posicionado próximo à costa russa, ironizando que, nesse caso, o míssil não precisaria percorrer essa distância.
O programa Burevestnik teve início após os EUA abandonarem, em 2001, o tratado antimísseis de 1972. Recentemente, Putin também comandou exercícios das forças nucleares russas em terra, mar e ar, pouco depois de a cúpula prevista com Trump em Budapeste ser cancelada devido à recusa russa em encerrar o conflito na Ucrânia.