Secretaria de Agricultura arquiva investigação interna sobre contratos de R$ 50 milhões

Os aditivos suspeitos, assinados em dezembro de 2022, no fim do governo Rodrigo Garcia, aumentaram valores de contratos de obras

Documentos da Secretaria de Agricultura de São Paulo indicam que a atual gestão, comandada por Guilherme Piai, atuou para encerrar uma apuração interna sobre possíveis irregularidades em contratos de R$ 50 milhões do Programa Melhor Caminho, destinado à reforma de estradas rurais.

Os mesmos indícios levaram o Ministério Público de São Paulo (MPSP) a abrir 147 inquéritos e mover 12 ações civis públicas contra servidores e empresas, incluindo bloqueio de bens. Piai, no entanto, não é alvo das investigações.

Os aditivos suspeitos, assinados em dezembro de 2022, no fim do governo Rodrigo Garcia, aumentaram valores de contratos de obras. Em junho de 2023, a equipe do então secretário Antônio Junqueira acionou MPSP, TCE e CGE para apurar os casos. Após a saída de Junqueira, em outubro de 2023, Piai e o secretário-executivo Alberto Amorim assumiram a condução do processo interno, criando uma comissão e um grupo de trabalho que, posteriormente, consideraram os aditivos regulares, atribuindo os reajustes à pandemia de Covid-19 e à guerra na Ucrânia.

O relatório final da pasta indicou que eventuais erros eram “meros erros materiais”, e determinou o arquivamento da investigação interna. Apesar disso, o MPSP segue com processos judiciais questionando os aumentos e a ausência de análise individualizada dos contratos, destacando que 150 aditivos foram concedidos em bloco. Entre os acusados estão Henrique Fraga e Ricardo Lorenzini, enquanto as empresas executoras das obras respondem com base na Lei Anticorrupção.

A Secretaria de Agricultura afirmou que todas as denúncias foram encaminhadas ao MPSP e que as apurações internas observaram critérios legais e técnicos, mantendo colaboração com as autoridades. A defesa de Fraga ressaltou que os reequilíbrios foram previstos em lei e necessários devido à defasagem causada por fatores externos, sem dolo do servidor público.