Até que ponto o VW Tera 1.0 é melhor que um Fiat Pulse Drive 1.3?

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Os SUVs de entrada chegaram para ficar. É uma categoria que está ganhando mais concorrentes, cada um tentando conquistar aqueles que buscam pelo primeiro carro. A prova disso é que, apesar de muitos utilitários compactos já terem abandonado o câmbio manual, a transmissão ainda tem seu espaço nesse segmento.

A Volkswagen mostrou isso ao lançar o Tera com uma versão básica que, durante a estreia, custava R$ 99.990 e, agora, é vendida por R$ 105.890. É o segundo modelo mais barato da marca, pois ainda há o Polo Track, que custa R$ 93.660.

Nessa faixa de preço, o seu rival direto é o Fiat Pulse Drive 1.3 manual, de R$ 99.990, e que passou por uma reestilização recentemente, ganhando não só a nova identidade visual da marca italiana como mais equipamentos de série.

Para que ninguém pense que eles não passam de hatchbacks mais altinhos, os designers das duas fabricantes buscaram um estilo que os deixasse mais parrudos. Não é sobre ser maior do que um Polo ou Argo, e sim parecer ser maior – e é com essa impressão que fisgam o comprador.

A Fiat faz essa diferenciação com uma grade maior no Pulse, uma proteção plástica nos para-choques e uma dobra mais pronunciada na tampa do porta-malas. Já a Volkswagen optou por uma nova identidade visual, utilizando uma entrada de ar bem maior na parte inferior e uma frente alta, caracterizada pelo capô elevado.

Ao entrar no carro, fica claro que são pequenos e não estão muito longe dos hatches compactos. Ambos têm o mesmo espaço para pernas nos bancos dianteiros e o Pulse leva uma vantagem de 10 milímetros na área da segunda fileira. Em compensação, o Tera tem um teto até 55 mm mais elevado, bom para evitar que os mais altos fiquem incomodados.

A coisa muda ao considerar o porta-malas. A Volkswagen otimizou melhor o espaço com o inclinamento dos encostos traseiros e da carroceria, aumentando a capacidade para 407 litros, bem mais do que os 370 litros do Pulse.

O Fiat poderia ter ganhado mais pontos no acabamento, por vir usando plásticos de melhor qualidade desde o Argo. No entanto, a VW finalmente resolveu esse problema e adotou materiais mais agradáveis ao toque no painel e nas portas.

Ambos são bem equipados, com itens como piloto automático, travas e vidros elétricos nas quatro portas, faróis de led, retrovisores com ajuste elétrico, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, piloto automático e monitoramento de pressão dos pneus.

Entretanto, o VW sai na frente do Fiat, com seis airbags, frenagem automática de emergência, quadro de instrumentos digital de 8”, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, sensor de estacionamento traseiro, multimídia com tela de 10,1” e detector de fadiga do motorista.

Já o Pulse tem quatro airbags, um display de 8,4” para a multimídia, um computador de bordo que utiliza uma tela TFT de 3,5”, ajuste de altura somente para o volante e só recebe o sensor de estacionamento como um opcional (que também adiciona câmera de ré e custa R$ 1.490). Tem os seus diferenciais, como as rodas de 16”, encosto de cabeça com ajuste de altura e ar-condicionado automático digital. O Tera traz rodas de 15”, bancos com encosto fixo e ar manual, sem nenhum opcional disponível.

Sem outro motor para usar (o 1.6 MPI de 116 cv só pode ser utilizado na Saveiro, que segue outras regras de emissões), o Tera de entrada usa o motor 1.0 MPI compartilhado com o Polo Track, que entrega até 84 cv e 10,3 kgfm, sempre combinado ao câmbio manual de cinco marchas,  deixando o 1.0 turbo de 116 cv para as demais versões.

A Fiat tinha mais opções, por contar com dois motores aspirados em sua linha. Acabou escolhendo o 1.3 Firefly de 107 cv e 13,7 kgfm, deixando o 1.0 Firefly para os carros mais baratos, como Mobi e Argo.

A potência e o torque maior fazem com que o Pulse seja consideravelmente mais rápido que o Tera. Na aceleração de 0 a 100 km/h, o SUV da Fiat levou 12,4 segundos, enquanto o da VW precisou de 15,6 s, uma diferença de 3,2 s. A falta de força fica mais clara nas retomadas feitas na estrada. O Tera leva 13,8 s para acelerar novamente de 60 a 100 km/h – no caso, 2,8 segundos a mais do que os 11 s do Pulse.

Para compensar, o SUV da VW é mais econômico. Embora faça 13,8 km/l na cidade (apenas 0,5 km/l a mais que o Pulse), o rendimento do Tera na estrada é bem melhor, chegando a 17,9 km/l (contra os 16,2 km/l do rival da Fiat). O alemão ainda lida melhor com os ruídos e isso é bem nítido em alta velocidade, marcando 69,2 dB a 120 km/h, enquanto o italiano registra 73,9 dB.

O Tera também se sai melhor no comportamento dinâmico, com uma suspensão um pouco mais firme do que a do Pulse, ajudando a segurar a carroceria nas curvas e dando uma sensação de solidez. Juntando isso ao câmbio de engates precisos, a experiência ao volante é mais prazerosa do que no carro da Fiat, cujo câmbio faz com que a  alavanca faça um longo passeio pelo trambulador até encontrar a marcha seguinte.

Quem optar por qualquer um dos dois fará um bom negócio, mas o Tera entrega um pouco mais pelo valor cobrado, com itens que o Fiat Pulse não tem nem como opcional – como airbags de cortina. Outras  diferenças ainda podem ser facilmente resolvidas numa mudança de ano/modelo. Até que isso aconteça, o Tera fará mais sentido.

Veredicto Quatro Rodas

O Tera venceu essa disputa por pouco. É mais equipado, confortável e, também, mais agradável de dirigir.

Ficha Técnica

Comparativo – Fiat Pulse Drive 1.3 x VW Tera 1.0 MPI