O Japão vive uma das piores crises de ataques de ursos da história recente. Desde o início de 2025, pelo menos 11 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas em diferentes regiões do país por conta dos animais. Diante da escalada de incidentes, o governo convocou as Forças de Autodefesa — equivalente ao Exército japonês — para apoiar caçadores e equipes de resgate, especialmente na província de Akita, no norte do arquipélago.
“O esgotamento no terreno está chegando ao limite”, declarou o governador de Akita, Kenta Suzuki, em publicação nas redes sociais. Segundo ele, as equipes locais estão sobrecarregadas e já não conseguem lidar com o número de ocorrências.
O ministro da Defesa, Shinjiro Koizumi, confirmou que as forças militares prestarão apoio logístico, como transporte de equipes e descarte dos animais abatidos, embora a legislação japonesa proíba os soldados de caçar diretamente.
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Ataques fatais em série
Segundo o jornal britânico The Sun, a vítima mais recente foi Kiyo Goto, de 79 anos, encontrada morta em uma área montanhosa de Akita. A polícia acredita que ela foi atacada enquanto colhia cogumelos, um costume comum entre moradores locais.
O corpo apresentava ferimentos graves no rosto e nos braços, típicos de ataques de urso.
Em outra ocorrência, um urso de 1,4 metro invadiu um supermercado em Numata, ao norte de Tóquio, e atacou dois idosos, deixando clientes presos e em pânico. Casos semelhantes foram registrados nas províncias de Iwate e Nagano, algumas com vítimas encontradas decapitadas ou mutiladas, segundo relatos da imprensa japonesa.
On the morning of the 8th, an 80-year-old woman was attacked and injured by a bear in Daisen City, Akita Prefecture, Japan. This is the third consecutive day of bear-related injuries in Akita Prefecture – NHKpic.twitter.com/QSWEd5b7j3
— Volcaholic
(@volcaholic1) October 9, 2025
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A dupla de ursos aproveitou a brecha e fugiu do abrigo
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Entenda a motivação dos ataques
Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Japão, o aumento dos ataques está ligado a alguns fatores principais:
- Desmatamento e redução das áreas de floresta nativa, que diminui o acesso a alimentos naturais;
- Envelhecimento da população rural, que reduz a vigilância nas zonas agrícolas;
- Abandono de áreas agrícolas, que acabam atraindo os animais em busca de comida fácil;
- Com a escassez de frutos silvestres e o declínio populacional no interior, ursos têm se aproximado de centros urbanos em busca de alimento — inclusive invadindo casas, armazéns e supermercados.
População em alerta
As autoridades de Akita informaram que 54 pessoas foram mortas ou feridas apenas neste ano na província, contra 11 em 2024. Os avistamentos de ursos aumentaram quase seis vezes, ultrapassando 8 mil registros em 2025. O governo local começou a distribuir sprays repelentes ao longo das rotas escolares e reforçou a vigilância em áreas próximas a florestas.
O problema se estende por todo o país. Os ursos-negros japoneses, comuns na maior parte das ilhas, podem pesar até 140 quilos, enquanto os ursos-pardos da ilha de Hokkaido chegam a 400 quilos.
