A Leapmotor estreia oficialmente nesta terça-feira (04) e já chega com três lançamentos: o SUV grande C10 com duas motorizações, uma elétrica e outra híbrida, e o SUV médio elétrico B10, que entra agora em pré-venda com a previsão de lançamento para janeiro.
Tanto o C10 elétrico quanto o B10, QUATRO RODAS já te apresentou em detalhes e focamos em conhecer o C10 Ultra-Híbrido ou REEV (a sigla em inglês para carro elétrico com extensor de autonomia).
A intenção do C10 REEV é rivalizar com SUVs híbridos já consolidados no mercado como o GWM Haval H6, que é líder de vendas do segmento, e o BYD Song Plus, que também se destaca pelo número de vendas.
O único modelo híbrido da linha da marca novata é em sua essência um SUV elétrico, pois tem um motor a combustão atuando apenas como gerador de energia para a bateria com 28 kWh, portanto o único responsável por tracionar as rodas é o motor elétrico com 215 cv e 32,6 kgfm, localizado no eixo traseiro e a sua tração, por sua vez, também é traseira.

O C10 REEV pode rodar até 111 km apenas no modo elétrico segundo o Inmetro, o suficiente para os deslocamentos urbanos. E a autonomia completa é de 950 km de acordo com o ciclo europeu WLTP.
A recarga não é feita exclusivamente pelo motor gerador ou pela energia das frenagens, mas é possível fazer uma recarga externa em carregadores rápidos, 65 kW DC (são 18 minutos para recuperar 50% da sua energia) ou em domésticos AC com velocidade de 6,6 kW com tempo de 3 horas para recarregar de 30% a 80% da bateria.
E é sempre recomendado que a bateria esteja sempre com mais carga, pois quando apenas o motor gerador fica responsável pela função de recarga o consumo de combustível, segundo o Inmetro, é de somente 12 km/l, tanto na cidade quanto na estrada.
Porte de Commander
O porte é de Jeep Commander com quase 4,74 m de comprimento, 2,13 m de largura, 1,68 m de altura e 2,82 de entre-eixos – um pouco maior que o dos rivais.

E é mais o tamanho que o design que impressiona, afinal o estilo não chama atenção e a sobriedade é marcante tanto fora quanto dentro do C10. A ausência de vincos na carroceria reforça essa sensação, assim como a escolha dos conjuntos opticos interligados, um DNA de carros chineses, e que tornam o design sem tanta personalidade, um atributo que seria bem-vindo em uma marca nova como a Leapmotor.
Enquanto os faróis full led são interligados por uma barra em black piano, as lanternas também em led são unidas por um elemento todo iluminado. Os faróis se destacam à noite graças aos DRLs bipartidos.

A dianteira mostra que se trata de um modelo eletrificado pois não há grade na parte superior e as entradas de ar (que tem a função de resfriar o motor 1.5) ficam praticamente ocultas.
Na lateral, o destaque são as maçanetas ocultas que não são elétricas e exigem um certo treino para abri-las com naturalidade. E o casamento entre a linha de cintura mais elevada, aumentando a porção de lataria, com as rodas aro 20 diamantadas contribuem para a sensação que o SUV é ainda maior que realmente é.

Na traseira a sobriedade impera tanto pelas lanternas interligadas quanto pelo spoiler integrado na carroceria. O elemento que se destaca é o botão para abertura da tampa elétrica que fica deslocado para a parte direita.

O porta-malas tem declarados 435 litros e nesse quesito sai em desvantagem em relação aos concorrentes. O Haval H6 tem 560 litros e o Song Plus 574 litros.

Em relação ao espaço interno, a Leapmotor divulgou que o espaço para pernas é de 95,1 cm, um número superior ao dos rivais, mas que só poderemos comprovar em nosso teste em pista.
Entre as comodidades de quem viaja no banco traseiro há duas saídas de ar, sem a opção de controle de intensidade de ventilação ou mesmo temperatura, e duas entradas USB, uma C e outra A.

E a sobriedade também impera no acabamento do interior que fica mais evidenciado pela cor cinza e linha retas, atenuados por leds coloridos que percorrem toda a extensão do painel. Os materiais empregados são de boa qualidade e textura e as peças bem encaixadas.

A central multimídia com tela de 14,6” centralizada combinada com um quadro de instrumentos digital com ‘estilo flutuante’ também tornam evidente que se trata de um SUV de origem chinesa. A ausência de botões físicos redundantes, em especial para o acionamento do ar-condicionado, atrapalha a vida a bordo e compromete a segurança. O console central elevado abriga apenas um carregador de celular por indução, dois porta-copos e um porta-objetos avantajado.

A multimídia apesar de trazer a possibilidade de baixar aplicativos nativos como spotify não é compatível com Apple Car Play e Android Auto, mas isso pode ser resolvido em breve, segundo a marcam pois há atualização remota. E vala lembrar que SUV menor B10, traz o espelhamento com smartphones. A marca garante que o GPS nativo traz a vantagem de ser atualizado via 5G e portanto traz informações de trânsito em tempo real e ainda pode ser espelhado no quadro de instrumentos.

Como anda o C10 REEV?
Uma das principais características de modelos REEV é que apenas o motor elétrico é capaz de tracionar as rodas e portanto não há uma potência ou torque combinados e no caso do C10 o motor elétrico traseiro rende até 215 cv e 32,6 kgfm. Dito isso, em relação a potência o SUV da Leapmotor sai em desvantagem, afinal o Song Plus na versão HEV tem potência combinada de 235 cv e o Haval H6 também híbrido pleno tem 243 cv.
Porém mesmo sendo menos potente a marca garante que o 0 a 100 km/h é feito em 8,2 segundos, dentro da média dos rivais (bem) mais potentes.
Durante a condução do C10 híbrido é notável que o motor é suficiente para arrancadas vigorosas e ultrapassagens. Os modos EV+ e EV priorizam o uso do motor elétrico sem praticamente acionar o motor 1.5 gerador, mais indicados para o uso na cidade e nesses modos o silêncio a bordo agrada e o comportamento é digno de um SUV elétrico.

Porém nos modos (acionados pela multimídia) Combustível e Power+ o ruído do motor a combustão invade a cabine pois o sistema ativa o propulsor dianteiro para recarregar o conjunto de baterias ou mesmo impulsionar de forma direta o motor elétrico. Não chega a ser um barulho incômodo graças ao competente isolamento acústico, mas é perceptível que o motor 1.5 foi acionado.
No comportamento dinâmico fica evidente que a suspensão foi calibrada para priorizar o conforto, afinal trata-se de um SUV com vocação familiar. Mas, ela me pareceu um pouco anestesiada e seria de bom tom alguma rigidez para trazer um ‘feedback’ com o piso um pouco maior, trazendo um pouco mais de esportividade para a condução.

Ao que tudo indica a Leapmotor será agressiva na política de preços dos seus produtos e o C10 Ultra Híbrido é um exemplo disso ao estrear po R$ 199.990, portanto mais acessível que os rivais e oferecendo a mesma tecnologia embarcada, desempenho similar e a vantagem de contar com a infraestrutura da Stellantis no pós-venda. Será que fará sucesso?
