A partir de segunda-feira (10/11), os olhos do mundo estarão voltados para o coração da Amazônia: Belém do Pará. A cidade é sede da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontece até 21 de novembro, e promete muito mais do que debates e negociações. Além das áreas oficiais, a Blue Zone e a Green Zone, a capital paraense conta com uma intensa programação cultural para os cerca de 40 mil visitantes esperados.
A Blue Zone (Zona Azul) é o centro diplomático da conferência, com acesso restrito a autoridades, delegações e imprensa. Do outro lado, a Green Zone (Zona Verde) abre espaço para a sociedade civil, empresas e ONGs. Fora desses ambientes oficiais, Belém ganha vida com iniciativas que misturam cultura, arte e sustentabilidade. Se você está na cidade e quer mergulhar nessa atmosfera, este roteiro é o seu guia.
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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na COP30
Ricardo Stuckert
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Freezone Cultural Action
A revitalizada Praça da Bandeira se tornará o coração da programação cultural da COP30. A partir do próximo domingo (9/11), o espaço de 10 mil m² recebe o Freezone, projeto gratuito voltado especialmente para jovens e crianças, com shows, teatro, cinema, oficinas e gastronomia, tudo inspirado na estética amazônica.
Projeto arquitetônico da Freezone Cultural Action, evento paralelo à COP30
No palco principal, artistas como Zaynara e Ximbinha se apresentam, ao lado de grupos que representam a pluralidade sonora da região Norte, com ritmos como o brega e a aparelhagem, símbolos da música paraense.
Flavia Mastrobuono, diretora de produção do evento, destaca que o objetivo é incluir quem não tem acesso às áreas oficiais, sem deixar de acolher quem participa das negociações.
“A Freezone se encarrega de oferecer aquilo que a COP30 não oferece, que é o espaço cultural, o espaço artístico, o ponto de encontro, o local para as trocas, para conhecer o que o mundo está falando sobre as pautas climáticas e o que que nós podemos fazer para conter este avanço”, explica.
Com público estimado de 10 mil pessoas por dia, o espaço contará com a Zona dos Sabores, dedicada à culinária local, e a Zona Economia Verde, que reúne comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
Além da música e da gastronomia, a Zona Vozes abrigará fóruns e painéis de lideranças jovens do mundo todo. Giovanni Dias, idealizador da Freezone, ressalta o papel da cultura no engajamento social.
“A arte tem um poder de mobilização, de sensibilização, de encantamento e de reflexão. Portanto, ela é talvez a ferramenta mais poderosa que nós temos para fazer com que as pessoas compreendam, não só através do reflexo das mudanças climáticas, mas também fazendo uma viagem para dentro de si”, reflete.
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Zaynara
Divulgação
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Suraras do Tapajós
Reprodução/Instagram @surarasdotapajos
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Obra da exposição Trabalhadores, de Sebastião Salgado
Divulgação
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Lia Sophia
Reprodução/Instagram Lia Sophia
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Ximbinha.
Reprodução/Internet.
Entre os destaques da programação está o espetáculo Sebastião Salgado – Uma Viagem ao Universo do Artista, apresentado por Juliano Salgado em homenagem ao pai, o lendário fotógrafo falecido em maio deste ano.
A abertura do palco principal ficará por conta de Lia Sophia e do Grupo Suraras, o primeiro grupo de carimbó formado por mulheres indígenas. Dia 19, o palco será comandado por Zaynara — que se apresentou ao lado de Mariah Carey, Dona Onete, Joelma e Gaby Amarantos no Amazônia Live, transmitido do Rio Guamá.
“Eu percebo que cada vez mais as pessoas que fazem música no Norte são mais ouvidas, mais sentidas, mais percebidas com a forma como a gente faz a arte, como a gente fala da nossa cultura”, comenta a cantora.
A entrada é gratuita e não requer credenciamento. Apenas as atividades no domo do teatro exigem retirada antecipada de ingressos pelo aplicativo Free Zone Cultural Action. Toda a programação também será transmitida ao vivo pelo site oficial.
Serviço
Freezone Cultural Action
Onde: Praça da Bandeira, R. João Diogo, 316, Campina
Quando: de 9 a 21 de novembro
Confira a programação completa aqui
Central da COP
Dois ícones históricos de Belém — o Teatro Waldemar Henrique e o Instituto de Ciências da Arte — se unem para receber a Central da COP, projeto do Observatório do Clima que conecta o público aos debates sobre mudanças climáticas.
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Teatro Waldemar Henrique
Reprodução/Agência Pará
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Boi Vagalume Da Marambaia
Reprodução/Instagram
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Teatro Waldemar Henrique
Reprodução/Instagram
Localizados na Praça da República, ambos foram revitalizados e recebem, a partir da próxima terça-feira (11/11), uma agenda gratuita com apresentações teatrais, musicais, exposições, sessões cinematográficas e oficinas. No primeiro dia, o destaque é a performance Sapukãya, o Muçum, que mistura teatro e hip-hop e poesia em uma potente denúncia sobre a crise climática e a resistência amazônica.
Isvilaine Silva, porta-voz do projeto, explica a proposta do espaço. “A crise climática não é apenas um tema técnico ou diplomático, ela é uma questão que atravessa o cotidiano das pessoas. A Central da COP nasce com o propósito de aproximar a sociedade civil das discussões globais para que ela consiga entender o que acontece na Zona Azul e como a sociedade também faz parte da solução para o mundo que a gente quer”, reflete.
Boi Vagalume Da Marambaia
A programação inclui ainda uma ampla seleção de filmes. Entre os destaques está O Regresso à Patú Anú, que será exibido no dia 17. A ficção científica paraense combina tecnologia e espiritualidade para abordar temas como êxodo rural, preservação ambiental e encantaria amazônica.
Entre 11 e 20 de novembro, serão oferecidas nove aulas introdutórias sobre o tema climático, com inscrição gratuita. O encerramento, em 21 de novembro, celebra a cultura local com um musical de boi-bumbá, repleto de toadas, alegorias e figurinos típicos.
Serviço
Central COP30
Onde: Teatro Waldemar Henrique e Instituto de Ciências das Artes (ICA/UFPA), localizados na Praça da República, Campina, Belém
Quando: de 10 a 21 de novembro
Confira a programação completa aqui
Pontos Turísticos
Além das atividades paralelas à COP30, Belém convida os visitantes a explorar os encantos naturais e históricos da cidade.
O Ver-o-Peso, fundado em 1625, é parada obrigatória: o maior mercado a céu aberto da América Latina combina cheiros, cores e sabores da Amazônia. Frutas, peixes, ervas e artesanato se misturam às tradicionais vendedoras de ervas, guardiãs da sabedoria indígena. Por ali, é possível saborear o famoso açaí com peixe frito com vista para a Baía do Guajará.
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Reprodução/Jader Paes/Agência Belém
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Palacete Pinho
Reprodução/Agência Belém
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Mercado de São Brás
Reprodução/Amarilis Marisa/Agência Belém
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Boulevard da Gastronomia
Reprodução/Prefeitura Municipal de Belém
Outro ponto icônico é o Mercado de São Brás, de 1933, que passou por recente revitalização e hoje abriga um complexo gastronômico e cultural, unindo arquitetura colonial e art déco.
Entre os espaços que contam a história da cidade estão o Palacete Pinho (1897), o Museu de Arte de Belém (MABE), no Palácio Antônio Lemos, e o Palacete Bolonha, do início do século XX. Todos oferecem entrada gratuita e exposições que celebram a arte e a memória paraense.
A cerca de 20 km do centro, a Orla de Icoaraci é um refúgio à beira da Baía do Guajará. O local reúne restaurantes e quiosques com vista privilegiada do rio e a famosa Feira de Artesanato do Paracuri, onde é possível comprar cerâmicas marajoaras diretamente das olarias locais.
Para quem quer aproveitar a noite, o Boulevard da Gastronomia, no bairro da Campina, é o ponto ideal. O espaço reúne sabores típicos da culinária paraense e apresentações culturais, tornando-se o encontro perfeito entre comida, música e o calor humano de Belém.