A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou nesta sexta-feira (7/11) que o país está preparado para responder os pedidos de ajuda da Venezuela, após a escalada de tensões do governo de Donald Trump contra o regime de Nicolás Maduro.
Zakharova não detalhou nenhuma ação ou destacou como a Rússia estaria preparada para ajudar o país sul-americano. De acordo com a porta-voz, Moscou busca evitar qualquer maior escalada de tensões na região da América Latina, que, segundo ela, não seria bom para ninguém.
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Maduro, que é aliado de longa data do governo russo, solicitou apoio militar a Moscou, incluindo reparos em caças Sukhoi, de fabricação russa, atualizações em sistemas de radar e envio de sistemas de mísseis. O arsenal da Venezuela tem diversos equipamentos russos em sua composição, porém é considerado defasado e carente de modernização por causa de sanções econômicas duradouras impostas ao país.
Escalada do governo Trump
O pedido de Maduro foi feito em resposta ao que ele considera uma crescente ameaça por parte do governo de Trump, que, nos últimos meses, designou ampla presença militar no Caribe, incluindo o maior porta-aviões do mundo, dezenas de navios e aeronaves de guerra, helicópteros de operações especiais e um submarino nuclear.
Zakharova acrescentou que qualquer operação militar dos EUA contra a Venezuela levará apenas à escalada da situação, e não à resolução dos problemas existentes.
“Existem diferentes táticas e diferentes formas de conduzir os assuntos, mas é evidente — como dizem vários analistas, especialistas e representantes de diversas estruturas americanas — que uma agressão direta desse tipo só piorará a situação, em vez de resolver os problemas que podem perfeitamente ser solucionados por meios jurídicos e diplomáticos, dentro do campo legal”, assinalou a porta-voz.
O governo russo reiterou nesta semana que está em constante contato com o regime Maduro em relação à escalada militar de Trump no Caribe.
EUA x Venezuela
Os governos Trump e Maduro travam escalada de tensões sem precedentes desde agosto, quando o presidente norte-americano designou cartéis de drogas latino-americanos como organizações terroristas e ordenou operações militares contra eles.
A escalada ocorre após o governo norte-americano intensificar bombardeios a embarcações no Caribe, próximo à costa da Venezuela e no Oceano Pacífico, sob o pretexto de combater o narcotráfico. O governo de Trump alega que as mais de 50 pessoas mortas nas operações são “narcoterroristas” que transportavam drogas.
A tensão também se intensificou após Trump autorizar a Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA a realizar “ações letais” na Venezuela, com o propósito de derrubar o regime de Maduro. O líder venezuelano condena as ações de “interferência na soberania” e, ainda durante o discurso, disse que a Venezuela deve reagir devido à dignidade e o direito à paz no país.
O governo venezuelano argumenta que os EUA arquitetam um cenário de “bandeira falsa” para justificar agressão militar no país. Maduro tomou medidas para se proteger ao mobilizar exercícios militares na capital da Venezuela, Caracas, e ativar as zonas de defesa integral de Mérida, Trujillo, Estado Lara e Jaracuí, o que significa o posicionamento da milícia armado para garantir a “segurança nacional e a estabilidade regional”.