Aos poucos, o gênero literário Small Town Romance (ou romance de cidade pequena, em português) vem ganhando espaço nas redes sociais e nos conteúdos sobre livros. As tramas, que normalmente retratam a vida em localidades fictícias dos Estados Unidos e do Canadá, conquistam cada vez mais os leitores brasileiros, mesmo apresentando uma realidade diferente e pouco familiar para a maioria.
O encanto dessas histórias não é exatamente novo. Elementos típicos de cidades pequenas, como o senso de comunidade e o cotidiano em que todos se conhecem, são comuns em séries que fizeram sucesso no Brasil, como Gilmore Girls e One Tree Hill. Agora, esses mesmos temas voltam a aparecer com força nos livros, em narrativas que equilibram romance, pertencimento e leveza.
Com a popularização dos romances contemporâneos e o crescimento das redes sociais, novas gerações de leitores passaram a descobrir essas tramas e se apaixonar por elas. Mas o que explica esse sucesso todo no Brasil?
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Feita pra mim, de Lyla Sage (Ed. Paralela)
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Amor em Roma, de Sarah Adams (Ed. Intrínseca)
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Sem Defeitos – Elsie Silver (Ed. Arqueiro)
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A História da Minha Vida, de Lucy Score (Ed. Bloom Brasil)
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Aconteceu Naquele Verão, Tessa Bailey (Ed. Intrínseca)
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MORANGOS, PANQUECAS E ROMANCE, de Laurie Gilmore (Ed. Intrínseca)
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Para a criadora de conteúdo Júlia Fiorentino, de 24 anos, a resposta passa pelo imaginário das produções norte-americanas que marcaram o público brasileiro. Segundo ela, os leitores se conectam com o gênero por reconhecerem nele o chamado “sonho americano” presente em filmes e séries.
“Eu acho que ganha força [por causa disso], diferente talvez de um livro que se passe em uma cidade pequena aqui no Brasil, que existe. Eu acho que as pessoas querem ver mais uma coisa diferente, um sonho idealizado que elas têm”, opina ela sobre o sucesso do gênero no país.
O olhar de quem escreve
A autora Laurie Gilmore vem fazendo muito sucesso com livros de Small Town Romance. Autora da série Os Amores de Dream Harbor, publicada no Brasil pela Intrínseca, ela reconhece que o retrato presente nas obras parte de um olhar idealizado e conta que nem sempre a vida é “aconchegante e charmosa”.
Ainda assim, a escritora acredita que o fascínio do público não vem exatamente do cenário, e dessas vivências mais comuns no exterior, mas dos sentimentos que as histórias despertam. “Acho que essa necessidade de conexão é algo que se traduz em qualquer idioma ou cultura”, destacou.
Ela também observa que o sucesso do gênero está ligado ao momento atual das pessoas, que buscam refúgio em histórias mais leves.
“Acho que a crescente popularidade dos romances ambientados em pequenas cidades tem muito a ver com o estado de espírito das pessoas em relação ao mundo em geral. Acho que as pessoas estão esgotadas, estressadas e exaustas com o ciclo de notícias ruins que dura 24 horas por dia. O que tenho ouvido dos leitores é que eles encontram conforto nos meus livros. Encontram uma breve fuga do estresse do dia a dia. E fico feliz em proporcionar isso a eles”, destaca.
O olhar das editoras
Do outro lado, as editoras brasileiras também perceberam o potencial do gênero, ainda que, no início, tivessem receio de que as histórias parecessem distantes da vivência do público nacional. Com o tempo, porém, os livros conquistaram espaço pelo sentimento de pertencimento e pelas emoções universais que transmitem.
Renata Moritz, da editora Paralela, explica que temas como o encantamento do primeiro amor e as dores e alegrias de estar apaixonado estão presentes em obras do gênero e tocam leitores de qualquer lugar do mundo. “Eles te trazem para dentro da cidade e você se sente como se fosse um local quando você lê esse tipo de livro”, destacou.
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Frini Georgakopoulos, editora de Aquisições da Arqueiro, reforça a ideia de que o Small Town Romance desperta identificação justamente por retratar comunidades unidas e acolhedoras. Segundo ela, o fato de as histórias se passarem em cidades distantes também faz parte do encanto.
“Mesmo sendo longe do nosso dia a dia brasileiro e da nossa realidade, acaba sendo parte do charme, porque a gente está idealizando a vida em uma cidade pequena, que a gente sabe que, mesmo que seja no lugar mais privilegiado possível, é bem diferente de uma grande metrópole e tem altos e baixos também como uma grande metrópole”, pontuou.
Nos últimos anos, editoras brasileiras vêm se destacando ao apostar nesse nicho e publicar autoras internacionais, como Stephanie Archer e Lyla Sage, pela Paralela, e Elsie Silver, pela Arqueiro. Silver é atualmente um dos grandes nomes do gênero e teve os direitos de adaptação de sua saga mais conhecida, Chestnut Springs, vendidos para a Netflix.