O Representante Comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, afirmou nesta quarta-feira (10/12) que o governo Donald Trump deseja construir uma relação comercial “melhor” com o Brasil. Segundo ele, Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tiveram “diversas interações muito construtivas” nas últimas semanas, incluindo uma conversa telefônica no início do mês.
“A segurança nacional é muito importante para nós. Queremos uma relação econômica melhor, só assim poderemos discutir concessões”, afirmou.
Durante participação em um evento do Atlantic Council, Greer destacou que ambos os líderes discutiram comércio global, economia e crime organizado, em um movimento que sinaliza reaproximação após um ano marcado por tensões diplomáticas.
As relações entre Brasília e Washington ficaram abaladas depois que Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida foi apresentada como retaliação ao julgamento do STF envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político do republicano.
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A distensão, no entanto, começou a ganhar corpo após a Assembleia Geral da ONU, em setembro, quando Trump comentou ter tido uma “excelente química” com Lula em uma conversa rápida nos bastidores. Desde então, emissários dos dois governos intensificaram contatos.
Greer afirmou que houve avanços concretos, citando a inclusão do Brasil em isenções tarifárias para produtos como cacau e café. Mesmo assim, ponderou que “nem todos os problemas foram resolvidos”.
Concessões de ambos os lados
Segundo o representante norte-americano, a melhoria da relação bilateral depende de concessões recíprocas. Ele ressaltou que o Brasil é “parceiro, mas também competidor”, especialmente no setor agrícola, e afirmou que o país mantém “muitas barreiras tarifárias e não tarifárias” a bens americanos.
Greer também mencionou preocupações dos EUA com questões de política interna brasileira, como o uso de legislações que seriam empregadas “como arma” contra empresas de tecnologia, além de supostas “ordens secretas” de investigação e casos de prisão arbitrária de cidadãos americanos. O representante, porém, não apresentou evidências para essas alegações.
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EUA, Brasil e o fator China
Questionado sobre o impacto da China nas negociações, Greer afirmou que não vê conflito entre o avanço das conversas com o Brasil e o acordo comercial em discussão com Pequim.
Ele disse que autoridades americanas buscam entender “o que os chineses querem dos EUA” e quais bens podem ser negociados sem riscos à segurança nacional.