Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi preso nesta quarta-feira (3/12) pela Polícia Federal (PF). A detenção ocorreu no contexto da Operação Unha e Carne, e Bacellar é acusado de ter vazado informações confidenciais da Operação Zargun, que resultou na prisão do deputado estadual TH Joias (sem partido). Em imagens divulgadas, TH Joias aparece ao lado de Bacellar.
Segundo a PF, existem “provas robustas” de que Bacellar compartilhou dados sigilosos, prejudicando as investigações voltadas à cúpula do Comando Vermelho (CV) e suas ligações com agentes públicos.
Os mandados expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) incluem uma prisão preventiva, oito buscas e apreensões e uma intimação para medidas cautelares. As ações fazem parte da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental das Favelas (ADPF 635), que designou à PF a responsabilidade de investigar a atuação dos principais grupos criminosos violentos no estado do Rio de Janeiro.
A Operação Zargun, deflagrada em 3 de setembro, desarticulou um esquema de tráfico internacional de armas e drogas, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro, ligado diretamente às lideranças do CV no Complexo do Alemão. Foram cumpridos 18 mandados de prisão e 22 de busca, além do bloqueio de R$ 40 milhões em bens.
Entre os alvos da operação estavam um delegado da PF, policiais militares, um ex-secretário estadual e o deputado estadual TH Joias, apontado como articulador político da facção dentro da Alerj. As investigações indicam que TH Joias favorecia o CV intermediando a compra de fuzis, drogas e equipamentos antidrones, além de ter indicado a esposa de um traficante para um cargo parlamentar.
Outros investigados incluem Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, tesoureiro do CV e responsável por movimentar R$ 120 milhões em cinco anos; Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, liderança da facção; Alessandro Pitombeira Carracena, ex-subsecretário estadual suspeito de interferir em ações policiais a pedido de criminosos; além de policiais militares e um delegado federal investigados por fornecer proteção e informações privilegiadas ao grupo.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, comentou sobre a gravidade da infiltração do crime organizado no poder público: “Seja traficante armado na favela ou de terno na Assembleia, a resposta do Estado será a mesma”. O superintendente da PF, Fábio Galvão, destacou que o esquema envolvia interferências diretas em operações policiais, incluindo a retirada de unidades do Batalhão de Choque de áreas estratégicas a pedido de criminosos.
Após a prisão de TH Joias, o MDB anunciou sua expulsão. Até o momento, a defesa dos investigados não se pronunciou.