Em clima de comoção, fiéis da América Latina se despedem de seu Papa

Multidão diversa se despede de Papa Francisco nas últimas horas do velório

Em uma extensa fila que serpenteava em frente à Basílica de São Pedro, no Vaticano, uma família de venezuelanos enfrentava o calor e a multidão, esperando para prestar sua última homenagem ao Papa Francisco. Faltavam menos de duas horas para a igreja fechar e iniciar as cerimônias do funeral. Dulce, a mãe da família, estava acompanhada dos filhos Rafael e Hector. Eles estavam na fila há cerca de 40 minutos, mas a mãe disse que estavam dispostos a esperar o tempo necessário.

“Estamos felizes, em paz, contentes por poder estar aqui e nos despedir do Papa”, afirmou Dulce. A família Halaguy, que mora em Valência, na Espanha, fez uma viagem especial para Roma, apenas para esse momento. Chegaram na noite de quinta-feira, mas não conseguiram entrar na Basílica. Mesmo assim, já tinham planos de voltar para casa no sábado.

“Viemos só para nos despedir do Papa”, explicou Dulce, ao refletir sobre o motivo da viagem. “A fé, o respeito pelo trabalho que ele fez em diversas áreas, como social, econômica e humanitária. Ele é um Papa admirável, um latino-americano que representa o mundo todo.”

Diversas pessoas de diferentes nacionalidades também aproveitaram as últimas horas para visitar o corpo do Papa Francisco. Entre elas estavam italianos, americanos, sul-americanos, e até pessoas que não eram católicas ou religiosas. A argentina Julia Nuñez, que mora na Itália há 30 anos, decidiu ir até a Basílica de São Pedro para prestar sua homenagem. Ela estava envolta na bandeira da Argentina, país de origem do Papa Francisco, e disse ter um enorme orgulho de compartilhar a mesma nacionalidade.

“Esse é um momento histórico muito importante. Mesmo não sendo católica, achei essencial estar aqui. Ele era um homem incrível, mais do que por sua fé, pela pessoa que ele foi”, contou Julia. Quando Francisco foi nomeado Papa, ela sentiu uma imensa alegria por ver um latino-americano alcançar essa posição histórica. E hoje, queria dar seu “último adeus” ao Papa.

“Admiro sua resistência contra os regimes totalitários, sua proximidade com os mais necessitados, a renúncia ao luxo e aos privilégios, e sua condenação da guerra e das ditaduras. Ele estava sempre atento ao que acontecia no mundo e se destacou por ser fora do comum”, comentou Julia. Ela também revelou que havia acabado de sair da Capela Sistina e refletia sobre o futuro do papado: “Não sei como serão as votações para o próximo Papa.”