Ibovespa bate recorde histórico impulsionado por bancos, combustíveis e cenário eleitoral

Às 14h03, o índice registrava ganho de 1,83%, alcançando 141.753 pontos, próximo de um novo recorde de fechamento

O Ibovespa avançou nesta quinta-feira (21), sustentado principalmente pela valorização das ações de bancos nacionais, pela alta nos papéis de distribuidoras de combustíveis após uma grande operação da Polícia Federal contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) e também pelas movimentações políticas ligadas às eleições de 2026.

Às 14h03, o índice registrava ganho de 1,83%, alcançando 141.753 pontos, próximo de um novo recorde de fechamento. Pela manhã, chegou a ultrapassar os 142 mil pontos pela primeira vez na história da Bolsa brasileira.

No câmbio, o dólar recuava 0,24%, sendo negociado a R$ 5,402, em meio à análise dos investidores sobre os números mais recentes da economia norte-americana e as possíveis decisões futuras do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos.

No cenário doméstico, uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira trouxe impacto adicional ao mercado: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apareceu à frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual segundo turno da corrida presidencial de 2026. O levantamento da Atlas/Intel mostrou Tarcísio com 48,4% das intenções de voto, contra 46,6% do petista. Empresários e banqueiros já tratam o governador como o principal nome da centro-direita para disputar o Planalto.

O otimismo também foi alimentado pela megaoperação da PF, que atingiu mais de 350 alvos ligados ao PCC em setores como combustíveis, mercado financeiro, transporte e até serviços odontológicos. Estima-se que os negócios investigados tenham movimentado cerca de R$ 30 bilhões. A Justiça autorizou o bloqueio de R$ 1,4 bilhão. O reflexo imediato foi visto nas ações do setor de combustíveis: Ultrapar, dona dos postos Ipiranga, disparou 7,31%, enquanto Raízen subiu 5,66% e Vibra Energia, 5,01%.

No exterior, os números da economia norte-americana também chamaram atenção. O PIB dos EUA cresceu 3,3% no segundo trimestre de 2025, acima da primeira estimativa de 3%. Apesar do avanço, analistas ainda projetam cortes de juros pelo Fed a partir de setembro. O presidente da instituição, Jerome Powell, já havia sinalizado essa possibilidade em discurso recente. O mercado trabalha com 84% de chance de redução de 0,25 ponto percentual no próximo encontro, com outro corte semelhante totalmente precificado até dezembro.

Enquanto isso, a crise política envolvendo o Fed também segue no radar. A tentativa de Donald Trump de demitir Lisa Cook, diretora da instituição, trouxe dúvidas sobre a autonomia do banco central. Cook afirmou que não há base legal para sua destituição e garantiu que não deixará o cargo.

No campo da política externa, o governo brasileiro ainda tenta avançar nas negociações para derrubar a tarifa de 50% imposta pelos EUA a produtos nacionais. O impasse, porém, continua, e há receio de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF, previsto para a próxima semana, aumente a tensão entre os dois países.

Aliados próximos de Bolsonaro acreditam que a condenação é praticamente certa, mas esperam que a Primeira Turma do Supremo não aplique a pena máxima. Dentro da Corte, ministros discutem se uma eventual prisão do ex-presidente deve ocorrer fora de instalações militares, para evitar novas mobilizações de apoiadores em frente a quartéis, como ocorreu em 2022.